O dólar começou a semana em forte alta nesta segunda-feira, num dia de turbulência nos mercados após o presidente Jair Bolsonaro ter anunciado na noite de sexta-feira (19) que pretende indicar o general Joaquim Silva e Luna para presidência da Petrobras no lugar de Roberto Castello Branco, num sinal de que o Planalto irá interferir nas políticas da estatal. A moeda norte-americana chegou a bater R$ 5,53 nesta manhã.
O tom negativo prevalecia na Bolsa paulista nesta segunda-feira, com agentes financeiros enxergando aumento relevante de risco político no país, principalmente ingerência governamental na Petrobras, que já perdeu mais de 60 bilhões de reais em valor de mercado nos primeiros minutos de negociação.
Às 10:31, o Ibovespa caía 4,87%, a 112.661,57 pontos.
Para que a troca na presidência da Petrobras seja concretizada, a indicação precisa do aval do Conselho de Administração da Petrobras, que tem reunião prevista para esta terça-feira (23).
As ações da Petrobras desabavam quase 17% nas negociações pré-abertura na bolsa de Nova York nesta segunda-feira, após analistas cortarem recomendações para os papéis na sequência do anúncio pelo presidente Jair Bolsonaro da indicação de um general como novo presidente da companhia.
Analistas de Credit Suisse, Scotiabank, Bank of America, Bradesco e XP estão entre os que cortaram recomendações para as ações, com a XP afirmando que não é mais possível defender uma tese de investimento na estatal após a súbita decisão de Bolsonaro de substituir o CEO Roberto Castello Branco, bem visto pelo mercado.
A XP disse ver “riscos para a manutenção da política de preços de combustíveis da Petrobras em linha com referências internacionais”.
Bolsonaro anunciou a indicação de Joaquim Silva e Luna para substituir Castello Branco com uma publicação no Facebok após o fechamento do mercado na sexta-feira.
O general da reserva disse em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta segunda-feira que não discutiu com o governo e não tem opinião formada sobre uma eventual privatização da companhia.
No sábado, Bolsonaro também disse que vai “meter o dedo na energia elétrica”, e que, “se a imprensa está preocupada com a troca de ontem, na semana que vem teremos mais”.
Com esses sinais de interferência na política de preços da Petrobras e na gestão das estatais como um tudo, o câmbio fica pressionado com incertezas a respeito da situação fiscal do país, que é delicada. Isso afeta a confiança dos investidores e, consequentemente, a cotação do dólar.