Polícias e manifestantes entraram em confronto em três cidades do Malawi nesta quinta-feira (20.06) durante protestos em todo o país contra o resultado das presidenciais do mês passado.
Nas maiores manifestações desde que a contagem de votos foi anunciada, explica a DW, a polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que derrubaram esta quinta-feira (20.06) cartazes do reeleito Presidente Peter Mutharika.
Milhares de manifestantes reuniram-se na capital Lilongwe, no centro comercial de Blantyre e na cidade de Mzuzu em protestos pela renúncia do chefe da Comissão Eleitoral do Malawi.
Em Blantyre, os manifestantes foram impedidos pela polícia, que usou gás lacrimogéneo contra os cidadãos que se aproximavam da sede da comissão, segundo a agência de notícias AFP.
Em Lilongwe, os manifestantes incluíam os líderes da oposição Lazarus Chakwera, do Partido do Congresso do Malawi (MCP), e Saulos Chilima, do Movimento Unido para a Transformação (UTM). “Os cidadãos estão muito zangados com a maneira como a gestão dos resultados eleitorais foi conduzida e queremos que todos os envolvidos na injustiça renunciem e saiam”, disse Chakwera.
Chakwera alega que teve a sua vitória “roubada” no dia 21 de maio, quando a contagem oficial mostrou que ele havia perdido por apenas 159 mil votos.
A polícia informou que lojas foram saqueadas e dois polícias foram feridos por manifestantes em Lilongwe. “Continuamos a enviar polícias a pé e patrulhamento de veículos em todos os lugares estratégicos nas cidades, vilas e áreas rurais”, disse a polícia num comunicado.
Alegações de fraude
A eleição foi marcada por alegações de fraude, incluindo que muitas folhas de resultados foram alteradas. Os dois principais partidos da oposição contestaram o resultado da votação no tribunal, mas a Justiça só deve decidir nesta sexta-feira se deve ou não rejeitar o caso, conforme solicitado por Mutharika.
“Uma parte significativa da sociedade do Malawi está descontente e não quer o atual Governo. É um país dividido”, disse à AFP o cientista político do Malawi Michael Jana, que leciona na Universidade de Witwatersrand.