Na visita de campo que efectuou, sexta-feira, ao Distrito Urbano do Sambizanga, em que pôde constatar o andamento das obras da rua Ndunduma, da avenida Kima Kienda e do viaduto de ligação com a Senado da Câmara, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, tomou contacto com o projecto Jardim Botânico de Luanda, cujas obras começam no primeiro trimestre de 2017.
Segundo o arquitecto Ricardo Henriques, a quem coube dar explicações sobre a evolução dos trabalhos, o futuro Jardim Botânico de Luanda, nas encostas da Boavista e talude do Miramar, tem por objectivo promover o conhecimento científico e cultural em volta da conservação da natureza através do turismo ecológico.
O projecto, que está ainda em fase de estudo e maturação, visa ainda valorizar a biodiversidade angolana e beneficiar em simultâneo a cidade capital com um importante espaço verde público com oportunidades de lazer em diversas formas.
Segundo o cronograma de tarefas avançado pelo arquitecto Ricardo Henriques, até Outubro deve estar concluído o projecto de construção, para que até finais do mês de Dezembro seja feito o lançamento e adjudicação da empreitada, e o início das obras no primeiro trimestre de 2017.
De acordo com o engenheiro, a reabilitação do Largo do Ambiente, inaugurado em Fevereiro último pelo Presidente da República, também faz parte do projecto, já que é nesta zona que está prevista a entrada principal do Jardim Botânico. Ricardo Henriques referiu que no início do ano passado, a FESA, em coordenação com o projecto de estabilização das encostas do Miramar e da Boavista, deu início ao estudo preliminar para a criação do jardim botânico ao longo do talude do Miramar.
Do ponto de vista urbanístico, o Jardim Botânico de Luanda, que prevê uma área total de 13 mil hectares, está integrado nas obras de estabilização das encostas da Boavista, de requalificação do Sambizanga e urbanização da área da antiga praça Roque Santeiro.
No terreno, e segundo o estudo realizado por uma equipa de técnicos da FESA, é visível, por um lado, o estado de abandono e degradação de infra-estruturas, e a ocupação ilegal de espaços verdes, por outro.
O Jornal de Angola teve acesso com exclusividade ao projecto e pode avançar que do ponto de vista de configuração espacial, o Jardim Botânico de Luanda prevê jardins temáticos, como a Praça dos Embondeiros, jardim infantil e jardim público, com café-terraço, esquadra de polícia, restaurante e estacionamento controlado.
O projecto inclui o jardim botânico propriamente dito, um arboreto, estufa-fria, parque recreativo e estacionamento para 500 viaturas. O jardim botânico vai ser um recinto fechado de quatro mil e seiscentos hectares de acesso reservado, que tem como missão celebrar a flora angolana ali representada por 15 “jardins angolanos”, onde cada um representa a biodiversidade de cada uma das eco regiões do país.
Sucesso garantido em relação à atracção de turistas e pesquisadores da flora, as 15 eco regiões que vão poder ser visitadas no Jardim Botânico de Luanda englobam os sete biomas identificados na natureza angolana. De referir que das 15 eco regiões, algumas são transfronteiriças.
A identificação dos biomas e as eco regiões constam de um trabalho científico realizado pelo Gabinete Especializado em Jardins Botânicos, liderado pelo arquitecto paisagista inglês Gerald Luckhurst, ao longo de 12 meses de pesquisa e que incluiu deslocações a várias províncias do país.
No “coração” do Jardim Botânico de Luanda vai ser possível viajar pelo Deserto de Kaokoveld, pelas matas angolanas de Mopane e de Miombo, as florestas equatoriais da Costa Atlântica, o mosaico floresta-savana do Congo Sul, as matas de savana da Namíbia, de Bakiaea da Zambézia, e as pradarias da Zambézia Ocidental.
Já o arboreto deve ser uma área aberta ao público para recreação, educação e pesquisa, por tratar-se de um espaço destinado ao cultivo de árvores, arbustos, plantas herbáceas, medicinais, ornamentais ou outras, mantidas e ordenadas cientificamente, em geral documentadas e identificadas.
A estufa-fria foi projectada com a finalidade de reunir as condições climatéricas para plantas de regiões mais húmidas do norte do país, em particular a província de Cabinda. A estufa-fria também prevê um espaço multiuso para exibições e eventos no centro do pavilhão, rodeado por árvores.
O Jardim Botânico de Luanda tem por finalidade promover o conhecimento científico e cultural em volta da conservação da natureza através do turismo ecológico, valorizar a biodiversidade angolana e beneficiar em simultâneo a cidade capital com um importante espaço verde público com oportunidades de lazer em diversas formas. (jornaldeangola)
Por: Kumuenho da Rosa