Durante a reunião entre Jair Bolsonaro e Donald Trump, o presidente brasileiro não hesitou em aceitar todos os tipos de honras, incluindo o convite à sede da CIA e a assinatura de acordos econômicos e comerciais que mancham a relação histórica com parceiros regionais do Brasil.
Ao invés de escolher a Argentina como primeiro destino após a posse, o presidente Jair Bolsonaro rompeu com a tendência e viajou para os Estados Unidos. Desde a reconstituição democrática na década de 80, os dois vizinhos sul-americanos mantiveram uma estrita reciprocidade de irmandade diplomática.
Miguel Ponce, ex-subsecretário de Indústria e Comércio argentino, destacou em entrevista à Sputnik Mundo que desde a criação do Mercosul, o destino inicial de novo presidente brasileiro era a Argentina, tradição que começou entre Raúl Alfonsín e José Sarney e foi quebrada por Bolsonaro.
Durante a visita, Bolsonaro não só fechou acordos políticos, como também obteve promessas de carácter econômico: obteve apoio dos EUA em aderir à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Sem dúvidas, o anúncio mais polêmico e conflituoso é que o gigante sul-americano prometeu comprar 750 mil toneladas de trigo norte-americano sem que os Estados Unidos pagassem tarifa de 10% estabelecida para compras do produto fora do Mercosul.
Até agora, o Brasil compra principalmente da Argentina. De facto, durante 2018, o Brasil importou sete milhões de toneladas de trigo, tendo quase seis milhões sido compradas da Argentina.
“Essa compra, à tarifa zero, como se fosse uma compra de um membro do Mercosul […] para nós é claramente uma violação do tratado, é uma violação das regras que devem ser tratadas entre os dois países e se isso também tiver sido feito sem qualquer tipo de aviso prévio, agrava a situação”, disse Ponce.
Miguel Ponce acredita que Bolsonaro esteja a tentar degradar o Mercosul, ou seja, “levá-lo de um status determinado para um de menor valor institucional”.
Outros anúncios englobam a defesa: empresas brasileiras poderão participar de leilões do Pentágono e, ao mesmo tempo, terão a possibilidade de comprar equipamento militar americano a preços baixos.