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Sexta-feira, Novembro 1, 2024

Ensaios da vacina registam evolução

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 - portal de angolaUma vacina contra a malária, denominada RTS,S, encontra-se na terceira fase de ensaio clínico, cujos resultados, promissores, foram divulgados, na sexta-feira, numa conferência internacional sobre vacinologia, realizada na Cidade do Cabo, África do Sul.
Os resultados da terceira fase do ensaio clínico, realizado em crianças africanas em onze centros de investigação africanos localizados em sete países de África, revelam que a RTS,S, também designada por Mosquirix, pode ajudar a proteger contra a doença, que mata cerca de 655.000 pessoas por ano em todo o Mundo e é responsável pelo internamento de milhões de pessoas, a maioria das quais crianças com menos de cinco anos, na região da África Subsariana.
Os resultados do teste clínico da vacina, que é desenvolvido pela farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK) e pela PATH Malaria Vaccine Initiative (MVI), com recurso a uma bolsa de financiamento da Bill & Melinda Gates Foundation atribuída à MVI, foram publicados, ainda na sexta-feira, na edição “on-line” do “New England Journal of Medicine”.
Os resultados do teste clínico mostraram uma redução na malária em cerca de um terço das crianças africanas com idades compreendidas entre as 6 e as 12 semanas. Os resultados são inferiores aos observados num grupo com idades mais avançadas há um ano atrás.
Os resultados também demonstraram que não foi verificado um aumento global no relatório de efeitos adversos graves em crianças vacinadas com a RTS,S, o que demonstra um perfil de segurança e tolerabilidade aceitável.
Os locais do ensaio situam-se no Burkina Faso, Ghana, Gabão, Quénia, Tanzânia, Malawi e Moçambique. A data prevista para o final do ensaio é o ano de 2014.
A conferência internacional sobre  a malária, decorrida na Cidade do Cabo, deu ênfase à continuação da parceria que continua comprometida com este ensaio e com o desenvolvimento de uma vacina para as crianças de África.  O investigador principal do ensaio, Salim Abdulla, pertencente ao centro de investigação Ifakara Health Institute, na Tanzânia, afirmou que, “nos, últimos anos, fizemos progressos significativos na luta contra a malária, mas a doença continua a matar 655.000 pessoas anualmente, principalmente crianças com menos de cinco anos na África Subsariana”.

Em sua opinião, “uma vacina eficaz contra a malária viria reforçar o nosso ‘kit’ de ferramentas e temos trabalhado para esse fim com o ensaio da RTS,S”.
O investigador acrescentou que o estudo indica que a RTS,S pode ajudar a proteger os  bebés contra a malária e acentuou que a vacina protegeu as crianças envolvidas no ensaio clínico em  combinação com a utilização generalizada de mosquiteiros.
Um total de 86 por cento dos participantes no ensaio utilizou mosquiteiros tratados com insecticida, o que revelou que a RTS,S disponibilizou uma protecção superior às existentes intervenções de controlo da malária.
De acordo com o investigador, a eficácia observada com a RTS,S, no último ano, em crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 17 meses contra a malária, foi de 55 por cento e 47 por cento, respectivamente.
“O acompanhamento deste ensaio vai continuar e espera-se que forneça mais dados para análises, para assim se compreender melhor as diferentes descobertas entre as faixas etárias”, sublinhou o investigador  Salim Abdulla.

Palavras encorajadoras

O representante da GSK na conferência, Andrew Witty, declarou que, com a RTS,S, foi dado “outro passo importante no caminho para encontrarmos uma nova intervenção contra esta doença, que afecta a saúde e o crescimento económico de África”.  O alto funcionário da GSK frisou que se mantém a convicção de que a RTS,S tem um papel a desempenhar no combate à malária e, por esta razão, “continuaremos a trabalhar com os nossos parceiros (…) para melhor compreendermos os dados e definirmos o modo como a vacina pode ser utilizada da melhor maneira, de forma a proporcionar uma vantagem para a saúde pública das crianças em áreas endémicas da malária em África”.
David Kaslow, director da PATH Malaria Vaccine Initiative, disse que “o sucesso do desenvolvimento das vacinas contra a malária depende de muitos factores: no topo da lista encontram-se as parcerias e evidências sólidas, associadas a uma compreensão de que diferentes combinações de ferramentas para combater a malária vão ser apropriadas em diferentes ambientes em países onde a malária é endémica”.
“Os meus parabéns à equipa da GSK e aos centros de investigação africanos pelo seu comportamento exemplar na realização deste ensaio”, acrescentou.  “Este é um marco científico importante e que necessita de mais estudo”, afirmou Bill Gates, co-fundador da Bill & Melinda Gates Foundation.
“A eficácia foi inferior à esperada, mas desenvolver uma vacina contra um parasita é muito difícil. O ensaio está a prosseguir e estamos ansiosos por obter mais dados, de modo a ajudar a determinar como podemos implementar esta vacina”, sublinhou Bill Gates.
A GSK e a MVI assumiram o compromisso de disponibilizarem a vacina àqueles que mais precisarem dela, caso seja aprovada e recomendada para utilização.

Os segredos da vacina

A RTS,S, a designação científica dada a esta vacina contra a malária, visa activar o sistema imunitário de modo a defender o organismo contra o parasita Plasmodium falciparum, quando este entra para o fluxo sanguíneo do corpo humano e/ou quando infecta as células do fígado.  A vacina foi desenvolvida para impedir que o parasita infecte, se desenvolva e se multiplique no fígado, período após o qual reentraria para o fluxo sanguíneo e infectaria os glóbulos vermelhos, provocando os sintomas da doença.
Sedeada na Bélgica, a GlaxoSmithKline é uma das empresas farmacêuticas e de cuidados de saúde líder mundial dedicada à investigação.
A PATH Malaria Vaccine Initiative (MVI) desenvolve um programa global sustentado por uma bolsa inicial concedida pela Bill & Melinda Gates Foundation. A missão da MVI é acelerar o desenvolvimento das vacinas da malária e garantir a sua disponibilidade e acessibilidade nos países em vias de desenvolvimento.
A PATH é uma organização internacional sem fins lucrativos que transforma a saúde global através da inovação.
A organização adopta uma abordagem empreendedora para desenvolver e fornecer soluções com um impacto elevado e de baixo custo, desde vacinas a dispositivos que permitem salvar vidas até programas de colaboração com as comunidades em todo o mundo.

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