Luanda – Cento e 60 mil hectares de florestas, equivalente a 0,02 do que é feito na terra, são devastados anualmente em Angola, em consequências das queimadas, agricultura itinerante, caça furtiva, do abate de áreas para produção de carvão e garimpo de madeira.
Apesar da taxa referida, o responsável de departamento florestal do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) do Ministério da Agricultura, Mateus André, disse não ser preocupante a situação.
“Comparando esta taxa de desflorestação com outros países, com potenciais iguais ou menores em relação ao nosso país, a taxa ainda está a um nível aceitável, mas não vamos cruzar os braços em função dessa realidade” – disse Mateus André, sublinhando que trabalhos de seguimento serão feitos para controlar a tendência, com a reposição das árvores.
Em entrevista à Angop, a propósito da elaboração do Primeiro Inventário Florestal do País, Mateus André afirmou que a referida taxa de desflorestação engloba todos os ecossistemas que comportam o país.
Mesmo com a diferenciação em termos de práticas de desflorestação a nível das províncias, apontou as queimadas “anárquicas” como a maior causa de devastação.
Dados recolhidos por imagens satélite fornecidos pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) dão conta que, além da prática itinerante da agricultura e caça furtiva, assiste-se ao garimpo dessas zonas verdes (no caso da extracção de madeira), por elementos nacionais e estrangeiros, sobretudo na zona norte, como Cabinda, apesar de existir um certo controlo de exploração e conservação.
As queimadas decorrem com maior frequência nas florestas de savana, enquanto na tropical, como é o caso da de Maiombe (Cabinda), se regista uma certa conservação, onde a exploração direccionada tem permitido controlar a devastação.
Com a elaboração do primeiro Inventário Florestal Nacional, a taxa de devastação será melhor controlada, acrescidas as actividades de repovoamento – crê Mateus André.
Existe um grande programa de repovoamento a nível do país já aprovado pelo Executivo angolano, que prevê plantar arvores em 50 milhões hectares em cinco anos.
“O programa foi traçado, já se sabe em que áreas serão beneficiarias, falta apenas os recursos financeiros para podermos dar inicio” – deu a conhecer.
Outras actividades como a fiscalização, controlo, edução e sensibilização das comunidades, para a gestão sustentável das florestas, estão de igual modo previstas, “porque há sempre aqueles que queiram ganhar dinheiro, através do lucro fácil”.
Em Angola, para a fiscalização florestal, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural tem espalhado fiscais florestais que poderão vir a ser reforçados para um maior controlo.
Além dos fiscais, o Instituto de Desenvolvimento Florestal tem contado com o apoio da Policia de Guarda Fronteira das Forças Armadas Angolanas que têm ajudado na realização de operações contra garimpeiros de madeira. (portalangop.co.ao)