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Sexta-feira, Novembro 1, 2024

A importância e a preservação da Paz

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gabriel baguet jr (oje) - portal de angola
Gabriel Baguet Jr (OJE)

Não há nenhum angolano dentro e fora do País que não se sinta orgulhoso quando a 4 de Abril de 2002, o Governo e a UNITA assinaram os Acordos de Paz. No espaço de que disponho não vou enumerar os caminhos e os passos que conduziram a tão importante e histórico acto da vida nacional e os reflexos que esta assinatura presidida pelo Presidente da República José Eduardo dos Santos teve em termos internacionais. Os reflexos foram e continuam a ser imensos. As armas calaram-se e a diversidade do diálogo político tem seguido o seu percurso. Impuseram-se as ideias depois de uma longa trágica guerra civil. Com todas as contradições que os diversos analistas internos e externos possam encontrar no processo de reconstrução de Angola não se pode dizer que o País não avançou em muitos domínios. Seria negar por completo evidências em vários sectores. E por isso decorridos que estão 13 anos de Paz e Angola assinala no próximo 11 de Novembro 40 anos de Independência é altura, julgo, enquanto cidadão nacional e numa visão de cidadania que o debate da reconstrução tem que envolver todos. A preservação da Paz e a sua consolidação democrática obriga a esse esforço colectivo para que a inclusão das ideias, do debate e da troca de experiências não caia em saco roto. Todos sem excepção, podem e devem continuar a apontar caminhos e soluções para corrigir o que está errado em muitos sectores da Nação angolana para que o futuro assente na livre expressão de ideias, mas na concretização de uma Sociedade cada vez mais participativa e inclusiva. Todos os saberes e todos os méritos são fundamentais para que a Angola cresça de forma sólida e sustentada. Esta postura poderá antecipar novas visões e prevenir o futuro na estruturação de um novo olhar em diferentes domínios sectoriais. O debate não tem que ser sempre partidarizado.

Os Partidos são parte integrante do sistema democrático e do figurino político. Mas a Nação tem que envolver todos e receber contributos que diminuam assimetrias sociais, económicas e promova de forma eficaz a tolerância e a diversidade.

Estas duas variantes permitirão que o nosso processo histórico caminhe sem grandes sobressaltos porque só a Paz importar preservar. Os ganhos da Paz não têm preço. Sabemos que Roma e Pavia não se fizeram num dia. Mas há que arregaçar mangas e se houve etapas muito duras e marcantes para diferentes gerações de cidadãos angolanos, cabe dar lugar a uma visão humanista e fazermos jus à razão de ser da Paz. Perguntar- me- ão alguns leitores: mas nem tudo está bem? E há muito para fazer? Há. E esse muito para fazer é apontar soluções duradouras e responsabilizar em diferentes sectores, o que deve ser significativamente melhorado. Por exemplo no domínios das cidades que modelos de construção e infraestruturas pretendemos ter ? Como assegurar a qualidade do que é construído e deixar uma referencial interna e externa dessa aposta de construção ? Como garantir e num outro exemplo que me ocorre e toda a gente vê como diminuir o trânsito na cidade de Luanda ? Quais as soluções mais inteligentes e sustentadas que sirvam toda a população e habitantes da cidade ? Como sensibilizar a opinião pública e a população em geral para a preservação dos bens públicos ? Como despoluir as nossas cidades ? É evidente que outras cidades do mundo e que não passaram pelo contexto de guerra civil e colonial por que passamos, têm hoje outro tipo de problemas. Mas das ideias e do envolvimento construtivo de todos, estou certo que há soluções e estratégias a adoptar que a médio/ longo prazo trazem benefícios. Porque se persistirmos na exclusão ou do afastamento de quem pensa diferente, os conflitos continuarão e as tensões aumentam. E nada disso é benéfico para nós e para aqueles que pretendem investir e cooperar com o País. Falei das cidades e dos seus modelos, mas outro exemplo, é a melhoria de abastecimento de água e electricidade em todas as Províncias e como assegurar a criação de infraestruturas sólidas em termos urbanos que nos permitam por exemplo em termos de protecção civil estarmos bem preparados para reagir e enfrentar catástrofes naturais. Aumentar a aposta na qualificação dos nossos quadros quer ao nível da saúde, quer ao nível da educação são igualmente passos cruciais para os desafios do presente e do futuro.Criar mais equipamentos culturais e diversifica-los por todo o território é uma forma de descentralizar, pois levar e trazer conhecimento e descobertas de talentos que em diferentes disciplinas artísticas têm algo a mostrar é rico para a nossa Cultura. E neste domínio da Cultura sente-se que quer na Música, quer na Literatura, Angola mostra-se cada vez mais ao mundo. Mas é preciso mais e aí, também considero que o Turismo Cultural pode e deve ser uma fonte de conhecimento sobre o nosso Património, mas de uma clara aposta na internacionalização quer como fonte de exportação dos nosso bens culturais, mas como elemento dinamizador da nossa economia. Em múltiplos domínios que passam pela Arquitectura, Urbanismo, Ambiente, Cultura, Ciência, as Artes em geral e em políticas públicas ligadas à Juventude e aos Idosos, a Nação só terá a ganhar inovando, valorizando o mérito. Como disse num artigo recentemente publicado intitulado aqui no semanário “OPAÍS” Se a Cidade fosse um Livro, escreveria nesse livro como a Paz é a garantia efectiva para a afirmação interna e externa de uma Nação. E erguia um mural à Paz, fortalecendo os valores do respeito mútuo, da não violência e da tolerância das ideias. O saber geracional de todos fortalece Angola no plano interno e no plano externo. Sem Paz, nada se edifica e nada se sustenta. Que o espírito do dia 4 de Abril de 2012 multiplique-se em cada um de nós e que se pense a Nação angolana sem tabus e sem preconceitos. Será nessa esperança que se afirmará o valor da nossa jovem Democracia e dos 40 anos já percorridos. Preservar a Paz num Olhar novo face ao futuro, é uma prova de amor a Angola pelos crescentes desafios internos, regionais e globais. (opais.co.ao)

por Gabriel Baguet Jr

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