É o objetivo de uma campanha de recolha de resíduos a decorrer na capital de Angola. Iniciativa envolve a polícia, bombeiros, associações e igrejas. Habitantes duvidam que seja possível cumprir o prazo.
A campanha de recolha de lixo, que arrancou a 19 de março, é uma iniciativa da Comissão para a Limpeza e Recolha de Resíduos Sólidos criada pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos. O objetivo é acabar com o lixo acumulado nas ruas, fonte de doenças como a febre-amarela, a diarreia e a malária.
Foi estabelecido um prazo de 45 dias para que os efetivos da Polícia Nacional, Proteção Civil e Bombeiros, associações, igrejas e população deixem a capital angolana limpa. No entanto, populares ouvidos pela DW África mostram-se cépticos quanto ao cumprimento do prazo. Ainda assim, elogiam a iniciativa e o envolvimento das forças de segurança.
“Acho que a polícia está a desempenhar um bom papel”, considera um popular. “Não é possível trazer uma nova imagem dentro de 45 dias, mas dá para ver que está a haver uma melhoria. Todos têm de colaborar”, diz outro habitante.
Tarefa impossível?
O politólogo José Adalberto também está céptico: eliminar o lixo de Luanda em 45 dias “não será possível”, diz . “O que se vai fazer é diminuir os volumes de lixo que existem atualmente”.
O politólogo aplaude a iniciativa, mas diz que a medida peca por tardia. “Acho que é importante, tendo em conta a fase que estamos a viver da epidemia, mas o Governo continua a ser reativo”, explica José Adalberto, lembrando as autoridades sanitárias do país que a situação que se vive em Luanda é “cíclica”. “Já era altura de as autoridades competentes do país tomarem medidas”, considera.
Dezenas de crianças morrem diariamente nos hospitais de Luanda, vítimas de doenças resultantes do lixo acumulado. Segundo as autoridades sanitárias, realizam-se em média 500 funerais por dia nos cemitérios da capital.
José Adalberto não poupa críticas à atuação do Executivo angolano, sublinhando que a situação “resulta da ineficácia das políticas públicas”. “Quase todos os anos, quando chove em Luanda, temos esta situação calamitosa”, conclui. (DW)