A presidente Dilma Rousseff e o presidente cubano, Raúl Castro, inauguraram nesta segunda-feira (27) a primeira etapa do Porto de Mariel, a 45 quilômetros de Havana, capital de Cuba. O porto é a grande aposta do país comunista para incentivar a economia local. As obras custaram US$ 957 milhões e, deste total, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou US$ 682 milhões. A construção foi da empreiteira brasileira Odebrecht.
Pelo menos 400 empresas brasileiras participaram das obras do porto cubano, que contará com uma contribuição de outros US$ 290 milhões do Brasil em uma segunda etapa. Companhias italianas, espanholas e francesas também devem se instalar no local, que terá uma Zona de Desenvolvimento Especial, como na China, com 265 quilômetros quadrados.
“O Brasil tem orgulho de ter se associado a Cuba na construção do primeiro terminal de contêineres do Caribe”, disse Dilma, ao cortar a faixa de inauguração do Porto de Mariel, nas cores da bandeira nacional cubana, branco, azul e vermelho. Os primeiros 702 metros de píer, equipados com quatro guindastes, já estão em operação.
Em seu discurso, Dilma declarou que “o Brasil acredita e aposta no potencial humano e econômico de Cuba”. Ela criticou o “injusto bloqueio dos Estados Unidos” à ilha, em vigor há meio século. A presidente afirmou que o Brasil “quer se transformar em um colaborador econômico de primeira ordem” para a ilha.
“A partir de agora, o porto de Mariel se insere no sistema portuário cubano e latinoamericano”, afirmou, por sua vez, o presidente de Cuba. Castro agradeceu as “condições vantajosas” do financiamento brasileiro às obras de Mariel e agradeceu ao país sul-americano sua “colaboração solidária” no que considerou um “projeto transcendental para a economia cubana”. O líder cubano lembrou que só a primeira parte da obra está finalizada. “Temos que continuar trabahando”, disse.
Vários líderes que estão em Cuba para participar da 2ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) estiveram na cerimônia de inauguração do terminal portuário: os presidentes da Bolívia, Evo Morales, da Venezuela, Nicolás Maduro, do Haiti, Michel Martelly, da Guiana, Donald Amotar, e a primeira-ministra da Jamaica, Portia Simpson-Miller.
Cúpula marca retorno de Cuba
Dilma desembarcou neste domingo em Havana, onde foi recepcionada no aeroporto José Martí pelo ministro de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro, Rodrigo Malmierca. Depois de inaugurar a primeira parte do porto de Mariel, ela participará, na terça-feira (28) da abertura da Celac.
O encontro da Celac marca o retorno de Cuba aos organismos de integração regional. Suspenso da Organização dos Estados Americanos (OEA) em 1962, o país é anfitrião da cúpula, que vai reunir 33 chefes de Estado e de governo e tem como tema a redução da pobreza e o combate às desigualdades regionais. A defesa da paz, do multilateralismo e o desarmamento nuclear também estão na agenda da cúpula. (rfi.fr)