Actualmente, é impossível entender o funcionamento das economias capitalistas, sem considerar o progresso técnico. Mais do que nunca, o entendimento de como a tecnologia afecta a economia é vital para a compreensão do crescimento da riqueza dos países, bem como da dinâmica das sociedades contemporâneas.
Os processos de globalização trazem inúmeros desafios porque o esforço tecnológico possui várias dimensões críticas e as inovações, transformam não apenas a economia, como afectam também e profundamente toda a sociedade. Modificam a realidade económica e social, apesar de aumentarem a capacidade de acumulação de riqueza e geração de renda.
De facto, com o vigoroso processo de transformação das bases tecnológicas em curso, promovido, principalmente, pela abertura da sua estrutura produtiva, à competição internacional e a revisão do papel das instituições públicas, de fomento e execução do desenvolvimento tecnológico, torna-se imperioso rever os modelos e formas de gestão da tecnologia, empregues tanto pelas entidades públicas, como pelas empresas, individualmente.
A produção da riqueza de uma sociedade depende de inúmeros factores e é determinada, fundamentalmente, pela disponibilidade de recursos naturais, stock de capital disponível (máquinas, equipamentos, instalações, etc.), volume e grau de qualificação da mão-de-obra. Nas teorias mais tradicionais da economia, a tecnologia estabelece a tramitação e a combinação desses factores, visando a produção de bens e serviços.
Para os modelos mais conhecidos de desenvolvimento económico, a tecnologia é um factor exógeno, estando relacionado a simples e natural evolução dos mercados, os quais respondem ao crescimento da poupança e do investimento. Para outros, essa visão neoclássica reduz a importância que a tecnologia efectivamente tem como motivadora do desenvolvimento, sendo considerada uma variável endógena na economia e, portanto, a principal arma dos empresários e do próprio Governo, para a promoção da competitividade e do progresso social.
Há duas abordagens principais, na procura de soluções: o modelo linear sugerido na década de 40, conhecido por “science push”, no qual, as actividades de pesquisa davam lugar a desenvolvimentos tecnológicos que, por sua vez, levavam à produção industrial e à posterior comercialização dos produtos da inovação e o modelo “demand pull”, proposto na década de 60, em que o processo inovativo iniciava da percepção de uma necessidade ou demanda do mercado.
Mas, as duas abordagens têm sérios problemas. Na primeira, o processo de crescimento, as variações na distribuição de renda, os preços relativos, etc., distorcem a direcção do processo de geração de conhecimento, distanciando-o da inovação. Nada garante que o conhecimento caminhe para as inovações e que estas estejam relacionadas com os dados e as sinalizações do mercado. Abstrai-se a existência de incertezas fortes, no processo de geração de conhecimento.
Exige-se a multidisciplinaridade, para se alcançar uma verdadeira inovação, tornando aleatório o processo, alegadamente, por haver uma estrutura muito mais complexa entre o ambiente económico e a direcção da mudança tecnológica. Para a segunda abordagem, as mudanças tecnológicas seriam passivas, reagindo mecanicamente ao mercado.
Implicitamente, assume-se que existirá um vasto leque de possibilidades tecnológicas, a aguardar um uso específico. Mas, isso conduz a um segundo problema: negligencia-se a mudança nas capacidades inovadoras que ocorrem no decorrer do tempo, dentro de um longo processo cumulativo de conhecimento. Indirectamente, não fica claro, quando e porque algumas tecnologias se desenvolvem e outras não.
Actualmente, aceita-se mais o modelo “chain-linked”, da OCDE, no qual as repetidas interacções e retro-alimentações que caracterizam o processo de inovação são representadas em torno da actividade de “design”, tomada como a actividade aglutinante da nova tecnologia.
O processo de inovação tecnológica, por ser complexo, requer a interacção de um conjunto de instituições e competências, dos sectores público e privado, cujas actividades e interacções iniciam, importam, modificam e difundem novas tecnologias, passando a ser descrita como o sistema nacional de inovação.
África, no geral, e Angola, em particular, têm pela frente muitos desafios por vencer. O da habitação é apenas um, embora este dependa grandemente da estabilidade política, social e económica, factor determinante para melhor qualidade de vida.
Os indicadores de instituições independentes que se dedicam à pesquisa sobre as mais variadas problemáticas africanas são claros: o potencial de crescimento africano é enorme e invejável, o que faz com que as potências ocidentais se focalizem no continente. O interesse será maior caso os países africanos se empenhem na modernização arquitectónica das cidades, visto que contribui para atracção de mais turistas e investidores estrangeiros.
Num estudo de consultores independentes ficou realçado o facto de o novo mapa dos 600 maiores centros urbanos do mundo, as chamadas “cidades do futuro” constar 25 africanas, seis da África do Sul, três da Argélia e da Nigéria, duas de Angola, Marrocos, Líbia e Egipto, uma do Quénia, Ghana, Congo, Sudão e Tunísia.
No caso de Angola, a orientação foi dada: transformar o país num bom lugar para se viver. Desde logo, retomou-se o velho slogan “o mais importante é resolver os problemas do povo” e são estes compromissos que têm norteado a acção do Executivo. A problemática da habitação continua na ordem do dia e, se olharmos para um passado recente, eram enormes as dificuldades de aquisição de residências.
A especulação imobiliária que encheu os bolsos de muitos operadores do mercado também fez com que nos bairros periféricos todos ressentissem deste aproveitamento. Comprar habitação era privilégio de poucos e arrendar era um caminho sem muitos questionamentos.
Desde 2008 que Angola começou a ajustar o seu programa de construção de casas, que se por um lado respondia às solicitações do mercado, por outro vinha dar cobro à precariedade da urbanização. Assim, dois problemas eram resolvidos em um mesmo momento: a habitação que não chegava já tende a restar nos próximos tempos, não fosse também a ambição desmedida de muitos que na ânsia e resquício de um passado já vencido, ainda vêem nos actuais projectos a oportunidade de sobrefacturarem, além de que as nossas ruas passam a ter o verdadeiro nome, porque as experiências do Catambor e outras zonas semelhantes vão fazer parte da nossa história de glória.
Não nos assusta que quem por nós passe queira visitar e apreender as experiências locais e esta força de vencer que nos levou já a concluir as centralidades em Luanda (Kilamba, Cacuaco, Zango, Kapari, Km 44) e Dundo (Lunda-Norte).
Em breve, este movimento de aquisição de residências vai acontecer em todas as demais províncias, sem que ninguém tenha de vir para Luanda ao encontro deste bem. Cabinda está bem adiantada, Sumbe (Kwanza-Sul), Benguela, Uíje, idem aspas, neste movimento que a todos vai abranger.
Esta medida, além de acertada é futurista. Promove, seguramente, a desconcentração está em linha com as observações, segundo as quais até por volta de 2030 Luanda esteja entre as principais 20 cidades mais habitadas e modernizadas do globo. (Jornal de Economia & Finanças)