Laurent Berger, secretário-geral do sindicato reformista CFDT, ouvido pela rádio pública France Info, garante que, aceitou o convite da primeira-ministra para negociar no início da próxima semana. Para ele está fora de questão não abordar a recusa dos sindicatos em aceitar a passagem da idade da reforma de 62 anos para 64 anos, embora a chefe do executivo, Elisabeth Borne, alegue que esse ponto não consta da ordem do dia.
Estas declarações de Laurent Berger, líder do sindicato reformista francês CFDT ocorrem no dia seguinte ao décimo dia de protestos em França contra a reforma das pensões, com um número de manifestantes em recuo relativamente à semana passada: 740 000, segundo a polícia.
A primeira-ministra Elisabeth Borne continua a defender a acção do seu Governo no que toca à reforma do serviço nacional de pensões apesar da contestação popular. Elisabeth Borne defendeu ter feito “aquilo que os franceses esperavam do executivo” e garantiu que “nunca abdicará de convencer, de construir compromissos e de agir”.
Em reacção às palavras de Elisabeth Borne, o primeiro-secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, fala numa “patologia grave” e acrescenta que “os franceses estão disponíveis para prescrever baixa médica e reforma imediata” para a primeira-ministra.
De acordo com as últimas sondagens, 58% dos franceses apoia os bloqueios e as greves para combater a reforma das pensões do Governo do Presidente Macron.
Num outro registo, a comissária para os direitos humanos do Conselho da Europa alertou para “o uso excessivo da força” sobre os manifestantes contra a reforma das pensões. Dunja Mijatovic apelou a França a respeitar o direito à manifestação e a proteger manifestantes e jornalistas.
Em comunicado, a comissária reconhece que, nas manifestações em França, “foram registados incidentes violentos, alguns tiveram como alvo as forças de ordem”, todavia “estes actos de violência esporádicos de alguns manifestantes ou outros actos repreensíveis cometidos por outras pessoas durante uma manifestação não podem servir para justificar o uso excessivo da força pelos agentes do Estado. Estes actos não devem servir também para privar os manifestantes pacíficos do usufruto do direito à liberdade de reunião”, sublinhou.
Nos últimos dias, associações de advogados e magistrados e políticos de esquerda condenaram e denunciaram a violência policial nas manifestações contra a reforma do sistema nacional de pensões, uma legislação aprovada à força pelo governo francês e que prevê, entre outras medidas, a passagem da idade da reforma com plenos direitos de 62 para 64 anos a idade. De registar que a França é um dos países desenvolvidos com a idade da reforma mais baixa.