A comissão eleitoral russa saudou esta segunda-feira (18.03) a vitória “recorde” de Vladimir Putin nas eleições presidenciais que terminaram no domingo (17.03), afirmando que obteve 97% dos votos. A comissão afirmou que a afluência às urnas também bateu o recorde, com 77% de participação dos eleitores.
“É um resultado verdadeiramente excepcional para o Presidente Putin”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, que hoje rejeitou as dúvidas ocidentais sobre a legitimidade da votação.
Com mais de 99% dos votos contados, “quase 76 milhões de pessoas” votaram em Putin, disse a chefe da comissão eleitoral , Ella Pamfilova. “Trata-se de um número recorde. Face ao Ocidente, mostrámos que estamos unidos”, acrescentou.
Os resultados foram obtidos no contexto da invasão total da Ucrânia pela Rússia e da repressão da oposição e da liberdade de expressão no país. Apenas três candidatos foram autorizados a concorrer contra Putin e nenhum deles se opôs à guerra na Ucrânia.
Reação dos aliados de Putin
Os aliados do chefe de Estado russo em todo o mundo não tardaram a felicitá-lo pela vitória eleitoral.
O Presidente chinês, Xi Jinping, enviou uma mensagem a felicitar Vladimir Putin pela sua reeleição, segundo a imprensa estatal. Para Xi, a vitória de Putin “reflete plenamente” o apoio do povo russo.
O Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, também felicitou o seu homólogo russo pela vitória “decisiva” nas eleições presidenciais. “O Presidente da República Islâmica do Irão, numa mensagem, felicitou sinceramente Vladimir Putin pela sua vitória decisiva e reeleição como Presidente da Federação Russa”, informou a agência noticiosa estatal IRNA.
“O nosso irmão mais velho triunfou, o que é um bom presságio para o mundo”, reagiu igualmente o Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro.
O líder sérvio da Bósnia, Milorad Dodik, afirmou que o seu povo “acolheu com alegria a vitória do Presidente Putin, pois vê nele um grande estadista e um amigo” com quem “podem sempre contar”.
Críticas do Ocidente
Ao mesmo tempo, a vitória do líder russo foi rejeitada pelo Ocidente.
“A reeleição de Putin baseou-se na repressão e na intimidação”, afirmou o principal diplomata da União Europeia (UE), Josep Borrell, acrescentando que as eleições na Rússia não foram livres e justas.
Para a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, as eleições na Rússia não foram verdadeiras. “A eleição russa foi uma eleição sem escolha”, afirmou, acrescentando que a UE irá abrir caminho a novas sanções contra a Rússia.
Os EUA também rejeitaram a imparcialidade da votação. “As eleições não foram obviamente livres nem justas, tendo em conta a forma como Putin prendeu opositores políticos e impediu que outros concorressem contra ele”, afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês afirmou, em comunicado, que a reeleição de Putin teve lugar num contexto de repressão da sociedade civil e que não estavam reunidas as condições para uma eleição livre e democrática.
O chefe da diplomacia britânica, David Cameron, afirmou que as eleições “ilegais” se caraterizaram pela “falta de escolha dos eleitores e pela ausência de controlo independente da OSCE”. “Não é assim que são eleições livres e justas”, acrescentou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, afirmou que “as eleições não foram nem livres nem justas”. “Continuamos a trabalhar para uma paz justa que leve a Rússia a pôr fim à guerra de agressão contra a Ucrânia, em conformidade com o direito internacional”, acrescentou.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros checo, Jan Lipavsky, classificou as eleições como uma “farsa e uma paródia”, que mostraram “como este regime suprime a sociedade civil, os media independentes e a oposição”, afirmou.