O programa do vírus Flame pode ser comparado pela sua capacidade de destruição ao vírus Stuxnet . Na semana passada, o Flame foi detetado por especialistas do Laboratório Kaspersky russo, o criador de programas anti-vírus líder na Europa. O vírus infetou sistemas de computadores no Irão, Líbano, Síria, Sudão e Territórios Palestinianos.
Os peritos consideram que a criação e difusão na rede de um novo vírus de tal capacidade destrutiva só está à altura de uma organização com apoios governamentais. Supõe-se que o lançamento desse vírus pode ser uma operação de ciber-espionagem ou mesmo o início de uma guerra informática de grande escala. O conselheiro principal de segurança informática da sede da empresa de anti-vírus britânica Sophos, na América do Norte, Chester Wisniewski, partilhou a sua opinião com a Voz da Rússia.
– O que pensa a Sophos deste software maligno?
– Nós, tal como outros peritos, consideramos que se trata de uma sec çã o grande e complexa de um programa malicioso que ainda estamos a analisar e monitorizar . Apesar de este ser um vírus extremamente confuso e de grande volume, é evidente que ele tem como alvo um pequeno número de computadores. Mas eu acho que isso interessa mais a fabricantes de anti-vírus, como nós e a Kaspersky, do que à opinião pública em geral.
– Está a par da suposição da Kaspersky Lab de que este vírus é parte de uma operação de ciber-espionagem estatal?
– Sim, mas como é evidente, não há quaisquer indícios ou provas disso . No entanto, os nossos investigadores estão de acordo com a opinião dos colaboradores do laboratório Kaspersky. Basta uma breve vista de olhos pelo vírus para perceber que esse programa foi, com grande probabilidade, financiada por um Estado – é demasiado grande e complexo, e foi desenhado de uma forma diferente dos típicos programas maliciosos criminosos. Como é sabido, estes normalmente roubam informação bancária e são bastante parecidos entre si – guardam a sequência de teclas ou fotografam o seu ecrã, isso não tem nada de original, encontramos isso todos os dias. Claro que existem muitos vírus diferentes, mas partindo da estrutura, formas de comando e particularidades do design, podemos supor que o Flame foi criado por um Estado.
– Se se trata de um programa governamental, existe alguma forma de proteção?
– Trata-se de um problema complicado. Todos os grandes países desenvolvem duma ou de outra forma esse tipo de atividade. É muito mais fácil atacar os computadores do inimigo com um programa malicioso do que introduzir um espião. Por isso, este é um meio muito eficaz, para os governos e serviços de informação, para obter material potencialmente comprometedor.
Quanto à proteção para esse tipo de vírus, trata-se de uma questão interessante. É preciso ter em consideração os recursos enormes que os Estados têm à sua disposição. Eles testam, com os esquemas de segurança informática mais conhecidos e divulgados, tudo o que querem usar contra o inimigo. Por isso, de quem quer que estes sejam, nossos, da Kaspersky ou de outro grande fabricante de produtos anti-vírus utilizados por diversos Estados e empresas como proteção base, em qualquer dos casos eles terão de efetuar uma grande quantidade de verificações e testes para garantir que nenhum dos anti-vírus seja capaz de combater o programa. Se bem que não se possa dizer que sejamos impotentes perante este tipo de ameaças, trata-se de uma luta extremamente difícil devido ao caráter especial desse novo vírus informático.
Fonte: VR