O grupo de militares guineenses proibidos de entrarem na União Europeia (UE), e sujeitos a congelamento de bens que possuam em países comunitários, foi alargado de seis para 21. A decisão foi publicada esta sexta-feira no jornal oficial.
A lista de visados pelas sanções adoptadas no início de Maio, que incluía o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, António Indjai, e o porta-voz do intitulado “comando militar”, Daba Na Walna, integra agora 15 outros nomes. Um deles é o de Celestino de Carvalho, um coronel designado ministro da Defesa do governo de transição instituído por acordo entre os golpistas e a CEDEAO (Comunidade Económica de Estados da África Ocidental).
“A União Europeia impôs sanções contra os membros da junta militar, porque eles ameaçam a segurança e a estabilidade da Guiné-Bissau. Continuamos a reclamar que a ordem constitucional seja imediatamente reposta”, justificou a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton. O Conselho de Segurança da ONU também aprovou sanções contra cinco militares golpistas.
A intenção europeia de não reconhecer o governo saído do golpe foi sublinhada à Reuters por Alexandre Polack, porta-voz de Ashton. “O governo de transição não resulta de um processo democrático e não é inclusivo”, disse. “Além disso, parece permanecer sob controlo das forças armadas.”
Em Bissau, responsáveis do Governo e do Estado que estavam refugiados nas instalações da UE regressaram esta semana a casa. Foi o que aconteceu, segundo a AFP, com a ministra Adiatu Nandinga — que substituiu interinamente o primeiro-ministro, Gomes Júnior, durante a campanha para as presidenciais, a que este concorreu — e com Lima da Costa, presidente da Comissão Nacional de Eleições. Lima da Costa, que chegou a ser dado na Gâmbia — juntamente com o ex-chefe das Forças Armadas Zamora Induta e o ministro do Interior, Fernando Gomes –, está afinal, segundo fontes da agência, na capital guineense.
Na Guiné permanece a missão angolana destacada no país, cuja saída esteve prevista para esta semana, após a chegada de uma força da CEDEAO. “Será entre 2 e 10 de Junho”, disse um oficial angolano à Reuters. “Há um navio a caminho e virão quatro aviões de Luanda para ajudar na retirada.” A presença angolana criou mal-estar na hierarquia militar guineense. Os autores do golpe justificaram o afastamento de Júnior com um alegado acordo entre o primeiro-ministro e o Governo de Luanda para “aniquilação” das forças armadas guineenses.
Fonte: PUBLICO