Três cientistas portuguesas foram distinguidas com o Prémio L´Oreal Mulheres na Ciência com projetos relacionados com um novo tratamento para o cancro da mama, com a suscetibilidade ao pneumotórax espontâneo primário e com a incapacidade causada pela esclerose múltipla.
A iniciativa apoia a investigação científica na Saúde e Ambiente em Portugal realizada por mulheres com idade até 35 anos. Na edição deste ano apresentaram-se 80 candidaturas tendo sido escolhidos três projetos que vão receber 20 mil euros cada.
As cientistas contempladas consideram a distinção um contributo importante para o desenvolvimento dos seus trabalhos, um reconhecimento e um incentivo a continuar a investigar como disseram à agência Lusa.
O projeto de Ana Barbas, investigadora do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, pretende encontrar uma forma de impedir o crescimento dos tumores no caso do cancro da mama.
“Todas as células comunicam entre si e existem algumas vias, alguns caminhos de sinalização de proteínas, de genes que já se conhecem, que quando não funcionam bem, quando estão desreguladas podem levar ao aparecimento de diversos tipos de doenças, diversos tipos de cancros”, explicou a cientista.
O seu trabalho foca um desses caminhos, chamado de via de sinalização de Notch, e que pode estar envolvido no cancro da mama.
“O objetivo é travar a comunicação excessiva ao criar anticorpos” contra a proteína para impedir a comunicação exagerada que leva à formação de vasos sanguíneos e ao aumento dos tumores.
A investigadora do Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e do Instituto Gulbenkian de Ciência, Inês Sousa está a identificar “as variantes genéticas de suscetibilidade e recorrência da doença pulmonar rara que é o pneumotórax espontâneo primário” que acontece com elevadas taxas de recorrência.
Sabe-se pouco sobre a doença que “afeta essencialmente indivíduos do sexo masculino, jovens, dos 18 aos 35 anos, altos, magros, desportistas, aparentemente saudáveis e sem historial de doença pulmonar e não percebemos porque se causa esta bolha de ar que comprime os pulmões e faz com que entrem em colapso e falência”, explicou a especialista.
Adelaide Fernandes, professora auxiliar da Faculdade de Farmácia, da Universidade de Lisboa, foi outra das cientistas distinguidas, com o seu trabalho sobre a esclerose múltipla, doença que afeta mais de um milhão de pessoas em todo o mundo e cerca de cinco mil em Portugal.
“Com este projeto pretendemos identificar um alvo terapêutico na esclerose múltipla, pretendemos avaliar se uma proteína que temos vindo a estudar, a S100B, está de facto envolvida na doença e é responsável por um atraso da recuperação da incapacidade que se instala nos doentes quando estão sujeitos a surtos”, especificou Adelaide Fernandes.
Na primeira fase, está a ser avaliada a sua função no desenvolvimento da doença e numa segunda fase os cientistas vão “tentar modelar a sua função no sentido de diminuir a sua toxicidade e promover uma melhor recuperação dos doentes, diminuindo a incapacidade motora que acabam por apresentar” alguns anos depois do diagnóstico da doença.
A cerimónia da entrega dos prémios da 8ª edição desta iniciativa decorre hoje em Lisboa.
Fonte: Lusa