Os trabalhadores da empresa de Transporte Colectivo e Urbano de Luanda (TCUL) iniciaram ontem uma greve ilimitada reivindicando aumentos salariais, na mesma percentagem dos aumentos efectuados na Função Pública.
Ontem, frente à Base Central da TCUL, na 5ª Avenida, município do Cazenga, o cenário era de autocarros parados e trabalhadores de ânimo exaltado a exigirem a satisfação urgente das reclamações contidas no caderno reivindicativo, que dizem ter apresentado à direcção da empresa.
Segundo os grevistas, além do aumento salarial na ordem dos 100 por cento, exigem ainda o encerramento do refeitório e substituição por subsídio de alimentação, pagamento de horas extra, a inscrição e entrega dos cartões da segurança social, o fim dos despedimentos sem justa causa e a mediação da empresa entre as instituições bancárias e os trabalhadores, para efeitos de crédito.
Os trabalhadores garantem que só vão voltar ao trabalho quando forem satisfeitas todas as suas exigências. Os grevistas ouvidos pela reportagem do Jornal de Angola dizem que a Comissão Sindical criada pela direcção da empresa nada faz para defender os seus direitos. “Eu, como motorista, se por acaso furar um cárter, sou obrigado a pagar dois mil dólares e se for um retrovisor, descontam-me 500 dólares”, disse um trabalhador que pediu anonimato. Um outro funcionário, que também não quis ser identificado, revelou que, apesar dos salários serem pagos por transferência bancária, a direcção da empresa recusa-se a passar declarações para efeitos de crédito bancário.
Recibos salariais de alguns trabalhadores da TCUL a que o Jornal de Angola teve acesso revelam que um funcionário com a categoria de cobrador aufere um salário base de 31.185 kwanzas, que fica reduzido a 25.306,48 kwanzas, com os descontos para a segurança social (935,55) e sindicato (4.678).
O director-geral da TCUL, José Mário da Silva, em declarações ao Jornal de Angola, considerou improvável um aumento salarial nessa altura, até porque “os trabalhadores da TCUL não fazerem parte da Função Pública”. “O aumento de salário previsto para este mês abrange apenas os funcionários públicos, que são os Ministérios, governos provinciais, administrações municipais”, sublinhou.
Além disso, sublinhou que a direcção da empresa não recebeu qualquer caderno reivindicativo dos trabalhadores e, por isso, vai tomar medidas relativamente aos trabalhadores que não retomem o seu trabalho a partir de hoje.
O director da TCUL afastou a hipótese de qualquer acordo entre os grevistas e a direcção, pelo facto de os trabalhadores não terem criado uma comissão para discutir as suas reivindicações.
Fonte: Jornal de Angola