A comissária europeia para o Clima, Connie Hedegaard, minimizou, numa entrevista ao jornal económico francês “Les Echos”, o custo causado pela introdução da taxa europeia sobre as emissões de dióxido de carbono dos aviões.
Com a introdução deste imposto, muito criticado por países como a China e os Estados Unidos, Connie Hedegaard disse que “um voo de Pequim para Frankfurt, por exemplo, custa cerca de dois euros a mais por passageiro”.
“Por outras palavras, valores abaixo do preço de um café no aeroporto”, lembrou e referiu ser “importante não perder de vista as ordens de grandeza”, quer do ponto de vista das companhias aéreas, quer dos países que se opuseram à criação do imposto.
A Airbus e seis companhias aéreas europeias – British Airways, Virgin Atlantic, Lufthansa, Air France, Iberia e Air Berlin – alertaram, em Março, os líderes dos Governos francês, alemão, britânico e espanhol “sobre as consequências económicas” deste imposto, que dizaima ser uma “ameaça inaceitável” à indústria dos transportes aéreos.
Numa carta, com data de 22 de Março, dirigida ao presidente da Comissão, Durão Barroso, o primeiro-ministro francês, François Fillon, transmitiu esta “profunda preocupação da indústria” e deu como exemplo a suspensão por parte da China de um “grande pedido de Airbus”.
A China congelou encomendas de 55 aviões Airbus, avaliados em 14 mil milhões de dólares, o que levou o presidente da empresa aeronáutica europeia a afirmar que em consequência havia dois mil postos de trabalho em risco.
“Nós, europeus, não podemos ceder a essas ameaças”, disse Connie Hedegaard, que sublinhou que “os custos dos direitos de emissão chineses são estimados, para este ano, em aproximadamente 1,9 milhões de euros”.
“É pouco, muito pouco para ameaçar com uma guerra comercial”, afirmou. As discussões sobre esta taxa decorrem no âmbito da Organização de Aviação Civil Internacional e está marcada uma nova reunião para Junho.
A legislação europeia, que entrou em vigor a 1 de Janeiro, obriga as companhias que operam na União Europeia, independentemente da nacionalidade, a comprarem o equivalente a 15 por cento das suas emissões de dióxido de carbono, ou 32 milhões de toneladas, para lutar contra o aquecimento global e as mudanças climáticas.
Bruxelas já disse que a taxa sobre as emissões de dióxido de carbono vai ajudar a União Europeia a reduzir, até 2020, as emissões de gases com efeito estufa em 20 por cento.
A China, a Rússia, a Índia e os Estados Unidos são alguns dos países, entre mais de duas dezenas importantes no mercado da aviação, que se opõem ao sistema europeu de emissões, aplicável a todos os aviões que aterram ou levantam voo na União Europeia.