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    Retrospectiva/2023: Agricultura lidera sector produtivo angolano

    O contínuo aumento da produção agrícola impulsionou a agricultura, uma das actividades que mais cresceu no sector produtivo angolano, com uma contribuição de 6,6% ao Produto Interno Bruto (PIB), no período 2022/2023.

    Dados do Ministério da Agricultura e Florestas (MINAGRIF), esse crescimento, por exemplo, é superior ao sector petrolífero, que ainda continua a ser o principal ‘motor’ da economia angolana.

    A título de exemplo, na campanha agrícola 2022/2023 registou-se uma produção total de 26 milhões 457 mil e 227 toneladas de produtos diversos, com destaque para as principais cinco fileiras, designadamente raízes e tubérculos, frutas, cereais, hortícolas, bem como leguminosas e oleaginosas.

    Com base no relatório da safra transacta do MINAGRIF, a que a ANGOP teve acesso, essa colheita representou um aumento global de 36,8% (1 669 158 toneladas), comparativamente à época 2021/2022, cuja produção total foi de 24 milhões 788 mil e 69 toneladas.

    Entre os principais produtos cultivados no período em análise, destaca-se a fileira de raízes e tubérculos, que liderou o top 5, com uma produção total de 13 milhões 743 mil e 973 toneladas (6,3%), sendo 11 milhões 240 mil e 420 de mandioca, um milhão 997 mil e 930 toneladas de batata-doce e 505 mil e 622 de batata rena.

    Seguidamente, a fileira das fruteiras registou a produção de seis milhões 487 mil e 767 toneladas (6,7%), dos quais 4 milhões 893 mil e 686 de banana, 759 mil e 158 de ananás, 488 mil e 133 de citrinos, 288 mil e 558 de mangas e 58 mil e 231 de abacate.

    Outra nota de realce na lista das cinco fileiras foi o cultivo de cereais, cuja produção cifrou-se em três milhões 357 mil e 136 toneladas (5,3%), sendo três milhões 214 mil e 698 de milho, 45 mil e 174 de massango, 36 mil e 513 massambala, 36 mil de arroz e 20 mil e 921 de trigo.

    A fileira das hortícolas registou uma produção de dois milhões 203 mil e 362 toneladas (11,5%), dos quais 765 mil 787 de tomate, 575 mil 550 de cebola, 284 mil 733 de repolho, 159 mil 173 de cenoura, 13 mil 467 de alho e 404 mil 653 de outras hortícolas.

    Finalmente, a fileira das leguminosas e oleaginosas atingiu a cifra de 664 mil 989 (7%), sendo 386 mil 865 de feijão, 233 mil 483 de amendoim e 44 mil 640 de soja.

    De salientar que os produtos das referidas cinco fileiras foram colhidos numa área de cinco milhões 409 mil e 867 hectares, num universo de seis milhões de 41 mil e 25 hectares da área semeada, sendo a EAF (a Exploração Agrícola Familiar) responsável pelo cultivo de 91,3% deste espaço.

    Numa média de 2,17 hectares por família, 66% da área total semeada foi feita de forma manual, 28% tracção animal e 6% mecanizada.

    Num total de mais de 35 milhões de hectares de terra arável, disponíveis para a prática da actividade agropecuária em Angola, apenas 17% desta área foi trabalhada.

    A maior quota da produção total das referidas fileiras, que representaram um crescimento de produção superior a 6,6%, recaiu para a EAF, com 82,2%, enquanto a Exploração Agrícola Empresarial (EAE) contribuiu com 17,8%.

    Em termos numéricos, a safra 2022/2023 contou com o engajamento de 8 mil 959 associações e 2 mil 823 cooperativas, assim como seis mil Escolas de Campo (ECA), que desenvolveram a actividade agrícola, em várias províncias do país, como Huambo, Cuanza Sul, Bié, Benguela, Huíla, Uíge, Malanje, Moxico, Lunda Sul, Bengo e Cabinda.

    Produção de café e da cana-de-açúcar

    A par do aumento da produção das cinco principais fileiras, o cultivo do ‘bago vermelho’ também subiu para 13 mil 831 toneladas de café Mabuba e 6 mil 224 toneladas de café comercial, na época 2022/2023, contra 11 mil 561 e 5 mil 206 toneladas, respectivamente, na época 2021/2022.

    Nesse capítulo, a produção da cana-de-açúcar cifrou-se em um milhão 296 mil toneladas, o que representou um aumento de 12,7% em relação ao período anterior.

    Actividade pecuária

    No âmbito do sub-programa de fomento à produção de aves de corte e poedeiras, o Departamento Ministerial da Agricultura e Florestas distribuiu um total de um milhão 407 mil 912 pintos para 56 mil 318 famílias, das quais 75% foram mulheres que também beneficiaram 85 acções de formação.

    No segmento dos suínos, destacou-se a distribuição de 816 porcos para 195 famílias das províncias de Benguela, Lunda Norte, Huíla, Cuanza Sul, Cunene, Cuando Cubango, Moxico, Luanda e Bié.

    Para garantir a saúde dos animais, registou-se a vacinação de um milhão 473 mil 261 cabeças de bovinos, para além da imunização de 302 mil 984 animais de estimação.

    Quanto à carne nacional, foram produzidas 342 mil toneladas, em 2023, representando um aumento de 6,9% comparativamente ao ano 2022, enquanto a produção de ovo cifrou-se em dois milhões 762 mil unidades (2,5%).

    Ainda no período em análise, contabilizou-se a produção de 6,3 milhões litros de leite (0,5%).

    Exploração florestal

    No segmento florestal, o destaque recaiu para a exploração de 124,7 mil metros cúbicos de madeira em toro, um aumento de 23,5% em relação a 2022.

    No mesmo período, também registou-se a produção de 81,1 mil metros cúbicos de madeira serrada (48,1%).

    Em 2023, foram exportadas 88,8 mil metros cúbicos de madeira serrada, o que representou uma baixa de 1,5%, em comparação ao ano homólogo.

    O realce ainda para a produção de 107 toneladas de mel, registando um aumento exponencial de 122,4%, enquanto a produção de cera situou-se em quatro toneladas (108,3%).

    Com esses indicadores, marcados pelo crescimento constante da produção, o sector agropecuário angolano poderá concorrer para a estabilidade de preços nos bens de amplo consumo no país, nos próximos tempos.

    O investimento feito nos projectos ligados à agricultura, avaliado em 550 mil milhões de kwanzas, já permitiu a criação de 24 mil novos postos de trabalho.

    Financiamentos

    De 2020 até Novembro de 2023 foram desembolsados 12 mil milhões 894 milhões 316 mil e 764 kwanzas, valores que serviram para financiar 1 767 projectos, nas 18 províncias, com destaque para Luanda, que beneficiou de mais de Kz 4,1 mil milhões para 776 projectos dos 792 aprovados.

    Segundo o Relatório do Ano Agrícola 2022/2023, a capital do país destacou-se com um número expressivo de projectos vinculados ao Programa de Reconversão da Economia Informal (PREI) e ao Plano Integrado de Aceleração da Agricultura e Pescas Familiar – Abastecimento Técnico-Material referente ao ano de 2022.

    Para além disso, o montante global desembolsado foi, igualmente, investido em projectos de apoio às famílias camponesas para a produção de trigo e milho, bem como o suporte às cooperativas agrícolas, com caixas comunitárias constituídas, entre outras acções desenvolvidas nas 18 províncias do país.

    No total, a carteira contempla 2 218 projectos aprovados, avaliados em mais de 17,1 mil milhões de kwanzas, uma operação que está a ser gerida pelo Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA). QCB/AC/VM

    Por Quinito Bumba, jornalista da ANGOP

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    FonteANGOP

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