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Segunda-feira, Outubro 7, 2024

Relação entre Angola e China em banda desenhada

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 - portal de angolaO actual quadro social do país, com principal destaque para a abertura a outras culturas, como a chinesa, são o cerne da quinta edição da revista de banda desenhada “Cabetula”, apresentada sexta-feira, em Luanda, no Salão Internacional de Exposições da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP).
O livro, apresentado pelo jornalista Francisco Pedro, saiu com o título “O chinês”, com o intuito de mostrar a familiaridade entre os angolanos e os chineses num mundo globalizado. “É o chinês globalizado, permitindo inúmeras motivações nos registos artísticos dos criadores angolanos, através da sátira, que nos tem sido transmitida na voz de cantores, humoristas e agora em banda desenhada”, disse o apresentador.

A revista, acrescentou Francisco Pedro, narra factos reais do quotidiano luandense. Para ele, as sequências das histórias em “Cabetula” mostram momentos do quotidiano vividos, de forma indirecta, pelos argumentistas das respectivas histórias.

“Se prestarmos atenção à ilustração da capa da revista, damos conta do quão espantosa está Cabetula, a personagem que dá título a esta edição angolana de Banda Desenhada, com a vivência de chineses em Angola. Tal espanto, ou susto, deve-se a um comerciante de nacionalidade chinesa que passa na rua com a mulher e filhos, que são angolanos. Parece que a moda pegou. Isso que nós temos observado diariamente é o que Cabetula vive e também aprecia enquanto sujeito e mentor das histórias contadas pelos desenhadores”, realçou.

Francisco Pedro destacou o crescimento dos autores do livro, que procuraram neste novo trabalho aproximar mais o leitor da sua personagem. “Se a obra de arte espelha a nossa geografia, é óbvio pensarmos que o artista introduz de forma natural ou intencional inúmeros elementos que o identificam”, disse.

Os desenhos e os diálogos construídos quer por Olímpio e Lindomar de Sousa, destaca o jornalista, são críticos e trazem ainda uma mensagem sugestiva ao leitor. “Isso demonstra o interesse de a revista abordar cenas reais sobre o estar ‘angolano’, congregando, além de humor, a visão crítica que fazemos da nossa cultura, do aculturado e do deslocado.”

O apresentador realçou a importância dos seus autores explorarem mais, nas próximas edições, argumentos que revelem situações históricas de contextos bem mais antigos, para além das vivências contemporâneas, estabelecendo assim paralelismos, sem que se perca o lado humorístico que sustenta a essência da revista.

“Para tal, têm de investigar factos ocorridos em épocas anteriores às dos argumentistas, projectando, desse modo, a memória colectiva angolana à chamada ‘Nona Arte’, a banda desenhada, susceptível de a transformar, um dia, em bens culturais, elevando Angola a níveis internacionais”, rematou.

O secretário-geral da UNAP, Bastos Galiano, disse que a apresentação da revista é um sinal do actual crescimento das artes plásticas nacionais e do interesse dos novos valores. “O que temos de fazer agora é deixar de separar as belas artes tradicionais da banda desenhada, visto que os seus autores ainda são muito menosprezados”, frisou. A UNAP, adiantou, pretende estabelecer uma parceria mais forte com os outros ramos das artes, com destaque para a literatura. “Estamos abertos para apoiar qualquer escritor que um dia desejar publicar um livro com ilustrações.”

O novo rosto

A revista, com 27 páginas, que saiu pela primeira vez a cores, vai passar a ser, disse o cartoonista Olímpio de Sousa, publicada mensalmente. O facto de conter cenas “puras” do quotidiano e rebuscar situações reais do dia-a-dia de Luanda fazem dela, afirmou o artista, uma revista ímpar entre as demais do mercado nacional.

A quinta edição de “Cabetula” tem ainda como inovação a introdução de novos criadores angolanos, saídos da formação no Estúdio Olindomar, como Nelo Tumbula, Alberto Calunga, Hermenegildo Pimentel, Altino Chindele, Edu Zp, Edson Rafael e José Teles.

A revista teve um salto qualitativo do ponto de vista gráfico e de conteúdo, comparando as cinco edições. De início, era a preto e branco, com a capa a cores e não inserção de nenhum tipo de publicidade. Agora passou a ser toda a cores, com publicidade na contracapa e nas últimas páginas.

Do ponto de vista de conteúdo, ressalta um outro aspecto, que é a transposição do espaço narrativo do nacional para o de alguns países com os quais mantemos uma forte relação de cooperação.

Fonte: Jornal de Angola

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