Um grupo de 109 cidadãos angolanos, entre adultos e crianças, regressou quinta-feira ao país a partir do posto fronteiriço de Santa Clara, na província do Cunene, no âmbito do programa de repatriamento de refugiados que vivem em países vizinhos, cuja execução está a cargo do Executivo, em parceria com Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Provenientes da região de Osire, na Namíbia, os angolanos manifestaram a sua satisfação por terem regressado à pátria a fim de contribuírem para a reconstrução nacional. Os refugiados foram recebidos pelo vice-governador para a esfera política e social, Jerónimo Haleinge, na presença do representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR) na Namíbia e do representante regional do Alto Comissariado das Nações Unidas.
Os refugiados estão instalados na sede municipal de Namacunde, a 10 quilómetros da fronteira, onde foram montadas mais de trinta tendas de campanha, uma cozinha colectiva, sistema de água potável e quartos de banho. Há também produtos alimentares para um período de três meses.
A par das condições de alojamento, os serviços de saúde, assistência social, educação e serviços de identificação foram igualmente postos à disposição dos angolanos regressados. O representante do ACNUR na Namíbia, Lawrence Mgbangson, reconheceu os esforços dos governos de Angola e da Namíbia para o regresso dos angolanos. O ACNUR registou na Namíbia três mil angolanos desejosos de regressar ao país.
Elogios do ACNUR
Lawrence Mgbangson elogiou o comportamento demonstrado pelos angolanos durante o tempo que permaneceram no campo de refugiados de Osire. Enquanto estiveram na Namíbia, acrescentou, os angolanos respeitaram as autoridades, as leis e os costumes locais.
Por seu turno, o representante do ACNUR para a região austral do continente africano, Sérgio Norená, disse que a instituição das Nações Unidas tem trabalhado na localização e registo de todos os angolanos refugiados nos países vizinhos (Namíbia, Zâmbia, Botswana, RDC e Congo Brazzaville). Actualmente estão identificados 50 mil refugiados.
O vice-governador do Cunene, Jerónimo Haleinge, disse ao grupo de refugiados que “cada angolano tem o seu espaço para contribuir naquilo que for possível” e acrescentou que o Executivo angolano está empenhado em resolver os problemas decorrentes da situação de guerra que o país viveu ao longo de 30 anos.
Jerónimo Haleinge lembrou que o governo está apostado na construção e reabilitação de infra-estruturas sociais, como escolas, hospitais, estradas, redes de saneamento básico e abastecimento de água potável à população.
Satisfação
O sentimento é de alegria entre os angolanos regressados. Teresa Monteiro viveu na Namíbia desde 1994 e regressou ao país para, como disse, poder contribuir na reconstrução nacional e traçar planos para o seu futuro e dos dois filhos.
Jaime António Nilo, estudante da 12ª classe, disse estar disposto a contribuir naquilo que for possível. Este jovem pretende ingressar nos quadros da educação, a fim de leccionar a disciplina de língua portuguesa e ajudar o Executivo nos esforços de desenvolvimento.