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    Quénia planeia o maior parque eólico de África e diverge da África do Sul sobre o financiamento climático

    A Kenya Electricity Generating Co., o principal produtor de energia do país da África Oriental, planeia um parque eólico de 1.000 megawatts que seria a maior instalação deste tipo no continente.

    Cerca de 92% da capacidade de produção do Quénia já provém de energias renováveis, como barragens hidroeléctricas e geotérmicas. As autoridades pretendem aumentar esse número para 100% até 2030 e o líder do país, William Ruto , está a posicionar-se para ser a principal voz de África no combate ao aquecimento global.

    A KenGen, empresa parcialmente estatal, busca financiamento de dívida para cobrir 75% dos custos do projeto, sendo o restante financiado por meio de capital próprio, disse a empresa em resposta por e-mail a perguntas.

    Não divulgou os custos projetados e espera que as estimativas estejam disponíveis assim que tiver “todas as aprovações e confirmar a capacidade para cada fase”.

    A instalação ficará situada em Marsabit, no Noroeste, perto do parque Lake Turkana Wind Power Ltd., de 310 megawatts, que atualmente é a maior usina eólica do continente. KenGen espera conectar-se à rede nacional em 2028.

    A Agence Française de Développement está “muito interessada” no parque eólico, disse numa resposta separada por e-mail às perguntas. O credor francês obteve estudos de viabilidade feitos pela empresa de consultoria Sofreco, disse.

    “Os estudos também recomendam a implementação do projeto por fases, à medida que a capacidade de procura aumenta e que a segurança da rede o justifique”, segundo a KenGen, que tem cerca de outros quatro parques eólicos em preparação.

    Quénia e Africa do Sul, duas visões diferentes sobre o financiamento da transição climática

    Quando se trata de clima, está a surgir uma divisão acentuada entre dois dos líderes mais importantes de África.

    O Presidente queniano, William Ruto, prega a auto-suficiência e o investimento, enquanto Cyril Ramaphosa, da África do Sul, entende que os países desenvolvidos têm que financiar a transição climática em Africa.

    Ruto disse à Assembleia Geral das Nações Unidas que “nós, como África, viemos ao mundo, não para pedir esmolas ou caridade”, reforçando o apelo ao investimento para aumentar a prosperidade global que fez no dia 6 de Setembro na primeira Cimeira do Clima em África, em Nairobi.

    No seu discurso na ONU, Ramaphosa castigou as nações industrializadas por não honrarem o compromisso de 2009 de fornecer 100 mil milhões de dólares por ano em financiamento climático, um refrão que fez em dois outros discursos em Nova Iorque e numa carta aberta esta semana aos sul-africanos. No entanto, a sua própria Ministra do Ambiente, Barbara Creecy, disse numa entrevista que as nações em desenvolvimento deveriam parar de “intensificar” os 100 mil milhões de dólares e fazer planos para o futuro.

    Recordamos que a África do Sul depende do carvão para produzir electricidade há quase um século e hoje é o 14º maior produtor mundial de gases que contribuem para o aquecimento climático.

    Ruto está a reforçar a sua credibilidade no exterior, mascarando as dificuldades económicas internas, enquanto Ramaphosa, segundo alguns diplomatas, está a desperdiçar parte da boa vontade que lhe foi concedida depois de ter assumido o poder em 2018.

    Embora o líder queniano tenha dito num evento paralelo na ONU que “não queremos pegar boleia em outras pessoas”, Ramaphosa parece estar procurando o resgate da sua debilitada economia.

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