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    Prospecção do cobre com bons resultados

    Localizada nas imediações das aldeias Mavoio e Mbanza Quinzau, na comuna de Quibocolo, município de Maquela do Zombo, província do Uíge, a área mineira de Mavoio já foi, no passado, um local onde se exploravam grandes quantidades de cobre. Além de várias estruturas de apoio e suporte à exploração mineira, nas minas de Mavoio também havia hospitais, complexos residenciais, uma central térmica e outras estruturas que permitiam o armazenamento do cobre.
    Mas, destas estruturas, hoje só restam escombros. As antigas máquinas, também, não foram poupadas pelos saqueadores durante a guerra. O túnel que dava acesso à jazida ficou soterrado.
    Os trabalhos de exploração nas minas de Mavoio paralisaram em 1972. Nessa altura, o projecto envolvia mais de três mil funcionários e a produção era estimada em mais de 30 mil toneladas de cobre por ano. Hoje, depois do início dos trabalhos de prospecção, em 2009, a região mineira de Mavoio apresenta um novo cenário. Observam-se no local novas sondas que perfuraram os solos do jazigo e muitos homens afectos às empresas angolanas de exploração mineira trabalham afincadamente em busca de valiosos minérios que possam ser colocados no mercado internacional. Além da confirmação da existência de grandes quantidades de cobre nativo, estão também asseguradas a existência da calcite, sulfato de ferro, calcocite, pirite, malaquite e quartzitos. A área mineralizada compreende cerca de 150 quilómetros, desde a fronteira com a República Democrática do Congo (RDC) até ao Sul do município do Bembe.

    Acesso fácil

    As dificuldades que se registavam para chegar até às minas de Mavoio fazem parte do passado.  As estradas que ligam a cidade do Uíge à vila de Maquela do Zombo, através dos troços rodoviários Uíge-Mucaba-Damba-Maquela do Zombo e Uíje-Negage-Bungo-Damba-Maquela, cujas distâncias são superiores a 300 quilómetros, estão a receber obras de reabilitação e ampliação. A partir da entrada que dá acesso às antigas aldeias Mavoio e Mbanza Quinzau, até à área que compreende o jazigo mineral, onde decorrem, neste momento, os trabalhos de prospecção, são cerca de três quilómetros de terra batida percorridos com alguma dificuldade pelos automobilistas.
    O terreno apresenta alguns buracos e ameaça de ravinas. Mas, ainda assim, chega-se facilmente à antiga zona residencial mineira e aos novos marcos da prospecção, cujos trabalhos decorrem sem sobressaltos.
    “As condições da estrada, as comunicações móveis e a instalação da energia eléctrica de Capanda estão a viabilizar as acções de prospecção em Mavoio. Também temos água em abundância ao longo de toda a bacia hidrográfica do rio Mbridge e, em particular, próximo da mina”, disse o director do projecto.
    Pedro de Carvalho acrescentou que a zona carece ainda de infra-estruturas básicas de apoio, captações, mini-estações de barragem e todos os outros aspectos que, a seu tempo, fruto dos estudos de engenharia que já decorrem, vão ser levados a cabo. Depois de concluído o estudo de viabilidade do projecto, vão ser construídas várias infra-estruturas sociais nas localidades circunvizinhas. Segundo o geólogo, logo no início do processo de exploração, algumas estruturas antigas podem ser recuperadas e outras construídas de raiz. O objectivo é oferecer melhores condições de trabalho e de instalação aos mineiros.

    As amostras

    O ministro da Indústria e Geologia e Minas, Joaquim David, tomou contacto directo, com as amostras retiradas do solo de Mavoio. O governante manifestou-se satisfeito com a quantidade de amostras que resultaram das perfurações efectuadas, desde 2009 até à data.
    “Tivemos a oportunidade de visitar o projecto de prospecção do minério de cobre nestas minas de Mavoio e ficámos satisfeitos com o volume de trabalho já feito, se tivermos em conta a tecnologia que está a ser empregue e as sondagens em curso”, disse o ministro. Os resultados já apresentados têm a ver com o trabalho árduo e apurado realizado pelos técnicos envolvidos no projecto, comprovando assim as interpretações geológicas efectuadas. “Estamos numa fase que, eventualmente, mais cedo ou mais tarde, nos vai conduzir à descoberta de reservas suficientes para a transformação do projecto numa actividade de exploração do minério de cobre”, disse. Os trabalhos de prospecção vão estender-se até 2015, com a aquisição de dados que servirão de base para a exploração. Joaquim David disse estar optimista com os resultados obtidos pelos técnicos que trabalham no projecto. Por isso, está convencido que, no próximo ano, já se podem tomar decisões sérias em termos de exploração mineira.

    Milhares de toneladas

    Joaquim David avançou que, até 2015, o Executivo vai investir pelo menos 60 milhões de dólares, para assegurar os trabalhos de prospecção. Desde o início da empreitada, mais de 16 milhões de toneladas de cobre foram descobertas nas minas de Mavoio e Tetelo.Uma campanha intensiva de sondagem vai ser levada a cabo até ao final deste ano, para confirmar as investigações geológicas que foram feitas até agora. “Espera-se que pelo menos 30 a 35 milhões de toneladas adicionais sejam descobertas ainda este ano. A ser assim, isso vai constituir uma base suficiente em termos de exploração de minérios”, perspectivou.
    O geólogo Pedro de Carvalho, director do projecto, afirmou que o cobre é o minério que mais abunda naquela região do Uíge, mas também podem ser encontrados minérios como a prata, na condição de valorizante, e o arsénio como penalizante.

    Mavoio e Tetelo

    Até agora, já foi feita muita coisa. Hoje, falar de Mavoio é descodificar um projecto que tem o nome de “Mavoio e Tetelo”, porque o antigo jazigo explorado até à década de 70 permitiu que, no poço 50, muito próximo do antigo local de exploração, fosse descoberto um jazigo de depósitos de minas de Tetelo, situado um pouco mais para
    Norte da antiga mina subterrânea.Portanto, a área de prospecção e pesquisa envolve, no município de Maquela do Zombo, a antiga área de Mavoio e a nova de Tetelo, cuja sua extensão, a Sul, segue a antiga linha de exploração mineira do Bembe.
    “O cobre é o elemento essencial que foge do paradigma tradicional angolano do petróleo, diamantes e ferro. Este é um activo novo, também de risco associado, porque são mineralizações que estão muito na oferta e procura internacional. Portanto, todos esses projectos exigem muito cuidado e atenção”, disse o geólogo.
    A área onde estão a ser realizados trabalhos de prospecção, para posterior exploração, também é subterrânea e a profundidade varia entre os 230 e os 500 metros, possuindo características muito próprias e específicas.O projecto é longo, porque as acções são feitas num depósito com particularidades técnicas e económicas, que obrigam a seguir cada passo para que não sejam cometidos erros no momento da tomada de decisões.
    As mineralizações se apresentam em várias posições, em termos de sub-superfícies e em várias profundidades.
    A situação representa uma das principais complexidades que os técnicos enfrentam no terreno, tendo em conta que os obriga a fazerem uma avaliação minuciosa antes de tomarem uma decisão. “São trabalhos demorados em que cada sondagem é muito cara.
    Mas, mesmo assim, já fazemos muitos furos com mais de 600 metros de profundidade”, sublinhou.

    Sondagens

    Até agora foram feitos mais de 7.500 metros de sondagens e pelo menos dez estudos laboratoriais para definir se os minerais têm alguma rentabilidade.
    Pedro de Carvalho afirmou que o jazigo é de média dimensão em termos internacionais, e requer muitos cuidados, de acordo com os parâmetros de decisão técnica e económica.
    “É muito bonito ter um jazigo. Todos dizemos que temos minério. Mas se ele não for tratado, se não houver um concentrado mineralógico que no mercado internacional seja aceite, então de nada vale, porque o que nós procuramos é pôr nas mãos do investidor o resultado de uma decisão mais adequada, justa e certa”, explicou o geólogo.Este ano, vão ser concluídas mais de oito mil metros de sondagens, três das quais já foram feitas e duas estão em curso.
    Os trabalhos devem cingir-se, também, à continuidade do processo de procura de informação cartográfica sobre as minas de Mavoio para o seu devido tratamento. “Estamos sempre à procura de informações sobre as antigas operações feitas em Mavoio. Além das sondagens, o nosso trabalho situa-se ao nível da geo-referenciação da nossa base de dados. Corremos desde a fronteira com a RDC até ao Sul da Damba para encontrar três marcos geodésicos”, disse, acrescentando que, essa é uma situação que vai custar milhões ao Estado para recuperar a rede geodésica do país.
    “Toda a gente andou à procura de mercúrio, a pensar que o iam encontrar nesses marcos. Não o façam. Isso é fruto de imaginação e de um ditado que não existe. Não há mercúrio nestes marcos. Protejam-nos, porque é um acto de cidadania e de interesse nacional. Tivemos muitas dificuldades para encontrar os poucos que identificámos”, concluiu o director do projecto.

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