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    Programa de Aceleração da Adaptação de África com 12,5 mil milhões de dólares para gastar em cinco anos

    Félix Tshisekedi, o Presidente da República Democrática do Congo (RDC) e que preside actualmente à União Africana, escreve um artigo de opinião no Financial Times em pede mais para o continente que polui menos, e mais é mais tempo e mais dinheiro. A União Africana vai a Glasglow com um programa que quer que seja central no que tem a ver com esforços e recursos do combate às alterações climáticas

    “África está cansada de esperar”, começa por escrever o Presidente congolês e actual presidente da União Africana, no seu artigo de opinião, publicado esta semana no Financial Times. E cansada de esperar pelas vacinas contra a covid-19, pelo investimento que atenue a pior recessão dos últimos 25 anos e por ajuda para lidar com os impactos cada vez mais devastadores das mudanças climáticas.

    E cansados de esperar, os países africanos optaram por uma abordagem totalmente nova e com a ajuda de parceiros multilaterais criar um plano para acelerar a adaptação à transição energética e de resposta às emergências climáticas, que podem eliminar, de acordo do Tshisekedi, 15% do produto interno bruto de África até 2030, o que significa mais de 100 milhões de pessoas em pobreza extrema até ao final da década.

    “Este é um destino cruel para um continente que contribui tão pouco para o aquecimento global”, escreve o Presidente da RDC. E é por isso que a saída para o continente africano passa pela capacidade de resposta e adaptação às alterações climáticas.

    União Africana está actualmente a trabalhar com o Centro Global para a Adaptação, o Banco Africano de Desenvolvimento e outros parceiros, e a criar o Programa de Aceleração da Adaptação da África (Africa Adaptation Acceleration Program), que será dotado de 12,5 mil milhões de dólares para cinco anos, prometidos pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

    Este programa aposta no apoio à criação de novos empregos e na modernização dos principais sectores económicos do continente. Foram detectadas áreas de grande potencial para esse apoio e uma delas são as novas tecnologias e os serviços digitais para os agricultores.

    “A ligação digital dá acesso em tempo real a conselhos agrícolas, informações sobre preços e previsões do tempo; é a porta de entrada para contas bancárias digitais, empréstimos e seguro de colheita e para complementar os esforços para culturas agrícolas mais sustentáveis”.

    O BAD tem estado a dar apoio a cerca de 19 milhões de agricultores em 27 países com tecnologia digital e o aumento da produção tem sido, em média, de 60%.

    África tem de ser capaz de alimentar os seus 2,5 mil milhões de habitantes de forma segura e sustentável até 2050, escreve o líder da União Africana, no seu artigo de opinião.

    A aplicação de tecnologias digitais pode transformar os sectores de agricultura e agronegócio da África, actualmente num valor estimado em 300 mil milhões, para um mercado de mais de um bilião de dólares até 2030.

    E estas são para o continente africano algumas das questões a discutir na cimeira do clima COP26, que vai ter lugar em Glasgow, na Escócia, no final deste mês.

    Félix Tshisekedi aposta também neste sector para atrair os mais jovens como uma nova e promissora fonte de emprego, também com a criação de novos instrumentos financeiros como “títulos verdes” e uma aposta nas infra-estruturas num continente onde há ainda tanto para construir. “Por cada dólar gasto em infra-estrutura pode render dólares de um benefício económico mais amplo”, explica o Presidente congolês.

    “Na preparação para a cúpula do clima COP26, em Glasgow, algumas das nações mais ricas do mundo estão a prometer que vão cumprir a promessa de 2009 de gastar 100 mil milhões de dólares por ano para mitigar as mudanças climáticas no mundo desenvolvido”, escreve Tshisekedi, que, no entanto, apela para que os países ricos considerem primeiro o programa de adaptação africano “porque os seus objectivos são realistas, necessários e realizáveis”.

    São cinco mil milhões de dólares por ano para ajudar africana, com novos instrumentos financeiros e para a criação de projectos atractivos para o sector privado.

    “Vinte e cinco bilhões de dólares em cinco anos é uma gota no oceano em comparação com os desafios que enfrentamos”, insiste o líder da União Africana, que escreve “que acreditamos é chão e não o tecto, o patamar para financiar a nossa adaptação”.

    “Para combater com sucesso as mudanças climáticas, após a COP26, deve haver um plano claro para distribuir os enormes recursos necessários. A União Africana vê o seu plano de adaptação como central. O que exige são acções globais e compromissos firmes com os recursos. Vamos lembrar que os ecossistemas da África fornecem, de forma gratuita, serviços essenciais para o mundo. As florestas e oceanos africanos servem como absorventes naturais de carbono. É hora de a África ser compensada – para o bem do continente e do planeta. Já esperamos o suficiente”, conclui Félix Tshisekedi.

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