A fábrica de celulose e papel do Alto Catumbela armazena, há quase 30 anos, toneladas de produtos químicos altamente tóxicos, disse, no sábado, à Rádio Nacional de Angola, o coordenador da comissão de gestão da empresa.
Evaristo Calumbo afirmou que os prazos de validade dos produtos estão expirados e não afastou a hipótese de ocorrer um acidente ecológico de grandes dimensões.
Um incêndio provocado pelo cloro, garantiu, provocaria um desastre num raio de acção superior de 80 quilómetros.
“Existem 20 toneladas de produtos tóxicos, entre os quais enxofre, sulfato de amónio, resina e cola para papel e um tanque em metal com gás altamente tóxico”, declarou.
A fábrica, enquanto funcionou, referiu, produzia papel não só para o mercado nacional como para o estrangeiro, mas 28 anos depois conserva apenas alguns recursos florestais, infra-estruturas totalmente degradadas e 122 funcionários entre administrativos e fiscais. A empresa sobrevive com a venda de madeira, mas com constrangimentos causados pela falta de mercado e por o Instituto de Desenvolvimento Florestal impor restrições ao corte.
Votados ao abandono
A directora provincial de Benguela da Indústria e Geologia e Minas, Augusta Pinto, reconheceu que o estado da fábrica de celulose e papel do Alto Catumbela é crítico, afirmando que os projectos para reabilitá-la estão em fase de estudo e a aguardar financiamento.
A fábrica de celulose e de papel do Alto Catumbela foi inaugurada há 50 anos e chegou a ter 2.500 trabalhadores. Interrompeu a actividade, em 1975, devido à guerra. Reiniciou os trabalhos em 1981, nas voltou a parar dois anos depois.
Fonte: Jornal de Angola