O primeiro-ministro do Paquistão, Yousuf Raza Gilani, fez nesta quinta-feira um ataque sem precedentes contra o poderoso Exército do país.
Sem fazer uma acusação direta contra os militares, ele afirmou que há uma conspiração para derrubar o governo civil do país.
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Durante um discurso em Islamabad, Gilani disse que Forças Armadas têm de prestar contas ao Parlamento e não podem agir como se fossem um Estado dentro do Estado.
Seu governo está sob pressão após o vazamento de um memorando que estaria pedindo ajuda aos Estados Unidos para barrar um possível golpe.
‘Conspiração’
O comunicado acabou provocando a renúncia do embaixador do Paquistão nos EUA e deixou Gilani na berlinda.
“Quero deixar claro que há conspirações sendo incubadas aqui para derrubar o governo eleito”, disse o premiê em pronunciamento.
“Mas vamos continuar a lutar pelos direitos do povo paquistanês, se continuarmos ou não no governo.”
O correspondente da BBC em Islamabad, M Ilyas Khan, disse que sempre houve a impressão no país de que os militares e seus serviços de inteligência são realmente um Estado dentro do Estado.
No entanto, os últimos governos mantinham a aparência de que as Forças Armadas eram uma instituição subordinada ao poder executivo.
Foi por isso que, segundo o correspondente, o discurso desafiador de Gilani gerou tanto debate.
O presidente Asif Ali Zardari voltou recentemente ao país, após um tratamento médico em Dubai. Ele nega ter participação do memorando aos Estados Unidos.
“Quero deixar claro que há conspirações sendo incubadas aqui para derrubar o governo eleito.”
Yousuf Raza Gilani, primeiro ministro paquistanês
O fato de estar doente, aliado ao escândalo, tem criado especulações sobre se ele será forçado a deixar o cargo.
Bin Laden
A tensão entre o governo civil, no poder desde 2008, e os militares se intensificou depois que forças americanas mataram Osama Bin Laden, em maio.
O Exército não foi previamente avisado da operação que capturou Bin Laden, que vivia em uma mansão próxima a uma base militar.
Gilani trouxe o caso à tona, questionando como Bin Laden teria vivido no país por seis anos, aparentemente sem ser descoberto.
O Exército já controlou o país durante muitos anos e levou a cabo quatro golpes de Estado.
Alguns analistas especulam que o escândalo – que está ser chamado de “memogate” – é uma conspiração do Exército para constranger o governo.
Fonte: BBC