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    Portugal: “Podem ter-me derrubado, mas não me derrotaram”. Costa sai do leme do PS com um brilhozinho nos olhos, recados a Marcelo e “o diabo” revelado

    Na passagem de testemunho a Pedro Nuno Santos, António Costa rejeitou louros pessoais. “Foram vitórias do PS”. Um PS que o aplaudiu fortemente a cada investida, a cada recordação de trabalho feito. Para o ainda primeiro-ministro, é “claro que há problemas” para resolver no país. Confia na “nova geração”, que será liderada pelo “primeiro primeiro-ministro que nasceu depois da Revolução de Abril”, Pedro Nuno Santos. Na despedida, Costa segurou-se na emoção, mas não nas farpas. Houve para todos. Até para Marcelo

    António Costa sai da liderança do PS com a convicção de que “é possível fazer melhor”. “Mas há uma coisa que podem estar certos: só o PS fará melhor do que o PS”. Perante o 24.º Congresso do PS ficou a garantia: só Pedro Nuno Santos e a “nova geração” que ele representa poderão fazer melhor do que o próprio Costa.

    “Podem ter-me derrubado, mas não me derrotaram. Podem ter derrubado o novo Governo, mas não derrotaram o PS. O PS está aqui, forte, vivo, a rejuvenescer com uma nova energia, uma nova liderança”, afirmou na fase final do discurso, de praticamente meia hora.

    Na despedida como secretário-geral do PS, Costa agradeceu a “confiança” e o “apoio” que sempre teve do partido. “Governar não são só coisas boas. São também coisas difíceis, duras. Sofre-se também. Mas sofre-se com alegria quando se gosta do que se está a fazer.”

    E concluiu: “Deram-me apoio em todos os momentos de grande crise política que tivemos de enfrentar. Estou certo que esse apoio que me deram é o que darão a Pedro Nuno Santos.”

    O segredo revelado por Costa

    Foi quando improvisou um pouco que António Costa conseguiu agarrar melhor a plateia. Prometeu-lhes um segredo. E o 24.º Congresso do PS pôs-se de ouvido aberto para recebê-lo. Falava de contas certas, conseguidas apesar do aumento dos salários criticado pela direita.

    “Conseguimos aumentar salários e o diabo não veio, não veio e não veio.” Efusivo. Pausa. O sorriso toma conta do rosto de António Costa. “Vou contar-vos um segredo. O diabo não veio por uma razão muito simples: porque o diabo é a direita e os portugueses não devolveram o poder à direita.”

    Sem louros pessoais. É tempo de Pedro Nuno Santos, que “merece”

    Na saída, Costa sai sem querer louros pessoais. “Foram vitórias do PS, não do António Costa.” “Estes anos não foram os anos do António Costa. Foram os anos do PS, de uma grande equipa.” Vincou-o ao dizer que “o PS é maior do que a soma de todos nós”, que nunca faltou aos portugueses “nos momentos mais difíceis”.

    O partido segue agora “unido em torno da nova liderança”, de Pedro Nuno Santos, a quem Costa desejou “do fundo do coração todas as felicidades do mundo, as maiores felicidades, políticas e pessoais”. “Você merece Pedro Nuno. Força, vamos em frente, vamos ganhar as próximas eleições.”

    Uma mensagem mobilizadora para aquele que será o “primeiro primeiro-ministro que nasceu depois da Revolução de Abril”. “Este é o sinal do significado do que é um partido com 50 anos, com uma longa história ao serviço de Portugal e dos Portugueses.”

    Recados para todos: até para o Presidente

    Antes do abraço que confirmou a passagem de testemunho, Costa não poupou nos recados. À esquerda, à direita e a Marcelo Rebelo de Sousa.

    À esquerda avisou que o PS que assinou os acordos de 2015 para a criação da geringonça é “o mesmo” que em 1975 derrubou a “deriva totalitária” da revolução. Mas, hoje, com uma certeza renovada: “Nunca mais os muros voltarão a existir na esquerda portuguesa.”

    À direita, em especial ao PSD, houve vários momentos de farpas. Na descentralização, onde o PS não teve “o parceiro” necessário para avançar com tal reforma. Na segurança social porque, apesar da direita dizer que estava “falida”, “aumentámos em 40 anos a sustentabilidade”. E na rede de creches gratuitas, que terá novo alargamento em outubro “se a direita não vier desfazer o que está a ser feito”. Mas ainda no reconhecimento de que os salários dos jovens ainda não estão onde deviam: “ao contrário de outros que vos disseram para emigrar, nós lutamos para que fiquem entre nós”.

    Ao Presidente da República deixou também reparos. Porque Marcelo “não nos deixou avançar na regionalização”. E ao recordar que o PS conseguiu o novo enquadramento para as ordens profissionais, apesar do “veto do Presidente”.

    Trabalho feito (soube-lhe a pouco?)

    Apesar de posicionar os feitos como sendo do partido, Costa não deixou de recordar o trabalho feito. E de definir prioridades para quem vier a seguir: “A maior causa do nosso tempo é o combate às alterações climáticas.”

    “Abraçámos as causas novas, mas não nos esquecemos das causas antigas: a maior de todas, a liberdade”, dando como exemplo a autodeterminação de género, a gestação de substituição ou a morte medicamente assistida. Hoje há mais liberdade no país do que havia anteriormente.”

    Na despedida, Costa admitiu que ainda há muito por fazer. “Há problemas? Claro que há problemas. Mas é por isso que estamos cá. É o PS que vai resolver os problemas.”

    Costa subiu ao palco embalado pela canção “Com um brilhozinho nos olhos”. Mas foi o líquido nos olhos que tentou conter na fase final do discurso. Depois de 20 congressos, disse que “não é altura” para se emocionar. Distribuiu agradecimentos, incluindo à mulher, que “mereceria ser militante honorária da JS”.

    Hoje, certamente, soube-lhe a pouco.

    Por Wilson Ledo

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