O mais forte candidato a ficar com a companhia aérea deverá ser oriundo da mesma geografia de onde os interesses na gestora aeroportuária falarem mais alto.
O Governo está a aliciar países onde, além de haver interessados na privatização da ANA, também exista uma companhia com potencial para comprar a TAP.
Para já, são mais de 30 investidores que informaram o Governo do seu interesse na gestora de aeroportos. Na TAP houve contactos com dez potenciais compradores. Além de interessados europeus, a TAP está a ser cobiçada por investidores do continente americano, Angola, Médio e Extremo Oriente, garantem fontes do Governo.
O International Airlines Group (IAG), que resulta da fusão entre a British Airways e a Iberia, foi o único que manifestou publicamente interesse na privatização da TAP e já contratou o banco JP Morgan e a sociedade de advogados PLMJ para o assessorar financeira e juridicamente no processo.
Fontes próximas do IAG adiantam que o grupo quer manter o hub (aeroporto onde se faz a transferência de passageiros) da companhia em Lisboa, aumentando o tráfego na Portela. Tal como não pretende usar a TAP para operar voos europeus de baixo custo. A ideia deverá passar pelo aproveitamento das sinergias que as operações da TAP no Brasil e em África trariam para a rede IAG.
Ainda assim, são várias as vozes que contestam o hub (como se pode ler na edição impressa do Expresso de sábado), mas também a forma como a privatização da companhia aérea deve ser conduzida.
Privatizar ou não privatizar
Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, concorda com a privatização da TAP “na medida em que a empresa não tem meios próprios nem capacidade de endividamento que lhe permitam a modernizar a sua frota”. Para o economista, o modelo ideal seria o de conseguir um parceiro estratégico que entrasse no seu capital, permitindo que continuasse a ser controlada pelo Estado português. “Receio, no entanto, que este desígnio não seja alcançável”, confessa.
Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo Vila Galé, diz que “emocionalmente a discordância é total. A TAP é uma das maiores marcas portuguesas e, por isso, a sua preservação é de crucial importância para a promoção da marca Portugal”. Racionalmente, porém, “não disponho de dados suficientes para avaliar a sustentabilidade da TAP”, responde. Contudo, “se é verdade que a manutenção da TAP não obriga a reforço de investimento público e vai libertando meios para amortizar a dívida será de esgotar a possibilidade de não vender”. E sublinha: “Importante é também avaliar se o encaixe provável é compensador ou se pelo contrário vai ser irrelevante como no caso do BPN”.
Fonte: Expresso