O primeiro-ministro de Cabo Verde pediu hoje uma mudança no comportamento dos trabalhadores cabo-verdianos perante o trabalho, defendendo ser necessária uma alteração no “chip” para que haja maior produtividade.
Discursando na abertura do apresentação de um estudo prospetivo sobre “Os Recursos Humanos Estratégicos para o Desenvolvimento de Cabo Verde”, José Maria Neves justificou que o país está numa “encruzilhada” e que, ou dá um salto qualitativo, ou não consegue sobreviver aos desafios futuros.
“É o momento para dar o salto. Até hoje, o país cresceu com a riqueza que veio de fora. Agora que somos país de rendimento médio, temos de criar a nossa própria riqueza. Tem de haver uma profunda mudança de mentalidades em relação ao trabalho”, afirmou.
Reiterando o que já dissera na sexta-feira na abertura da Conferência Nacional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, de que é líder desde 2001), o chefe do executivo cabo-verdiano indicou que o arquipélago tem uma década para se desenvolver, “oportunidade que não pode ser desperdiçada”.
Recorrendo com frequência a comparações com Singapura, que visitou oficialmente na semana passada, José Maria Neves salientou que aquela ilha, independente desde 1965, está 50 a 60 anos à frente de Cabo Verde.
“Temos de construir um país moderno ao longo dos próximos 10 anos. Temos de ser inovadores, empenhados e determinados. Temos de mudar o «chip» em termos comportamentais e culturais”, salientou.
Defendendo a desestatização – “o Estado é o maior empregador e é sempre o culpado de tudo”, ironizou -, José Maria Neves defendeu a concertação entre o que é o futuro do país e a capacidade de resposta de recursos humanos aptos para trabalhar nas áreas em que o Governo está a apostar.
Nesse sentido, lembrou os “hub’s” dos transportes aéreos e marítimos e das tecnologias comunicacionais, a base logística de apoio às pescas no Atlântico Médio e a criação de um centro financeiro internacional para destacar a necessidade de as questões ligadas ao trabalho terem uma “nova Gramática”.
“Temos de saber provocar roturas, ir mais além do óbvio, sermos ousados e inovadores, empreendedores para que se possa fazer um pacto nacional virado para a transformação do país”, desafiou José Maria Neves.
O estudo analisa o mercado de trabalho e avalia as políticas de emprego, de forma a permitir a adequação da formação profissional às reais necessidades do país.
O documento foi elaborado conjuntamente pelos ministérios cabo-verdianos da Juventude, Emprego, e Desenvolvimentos dos Recursos Humanos, Educação e Desportos e do Ensino Superior, Ciência e Inovação e apoiado pela Cooperação Luxemburguesa.
FONTE: Lusa