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    Pluralidade da TV Zimbo, O País e Rádio Mais com dias contados

    Sindicato dos Jornalistas Angolanos está preocupado com eventual interferência na linha editorial da TV Zimbo, jornal O País e Rádio Mais, que passaram para a esfera do Estado. Governo promete manter a pluralidade.

    Segundo o Serviço Nacional de Recuperação de Activos, a TV Zimbo, o jornal O País e a Rádio Mais foram criados com fundos públicos. Por isso, na semana passada, a gestão destes órgãos passou para o Estado angolano, no âmbito do combate à corrupção em curso no país.

    O grupo Média Nova, detentor da TV Zimbo, jornal O País e a Rádio Mais, pertencia a Leopoldino do Nascimento “Dino” e Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, antigas figuras próximas do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

    Em entrevista à DW África, Teixeira Cândido, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), garante que os empregos dos profissionais estão salvaguardados. Mas está preocupado com uma eventual interferência do Estado na linha editorial destes órgãos.

    “Ao contrário dos órgãos públicos já conhecidos, a linha editorial destes órgãos é muito mais plural. Pelo menos tem possibilitado mais vozes desconsoantes”, lembra o secretário-geral do SJA.

    “Os órgãos de comunicação social públicos nos últimos anos, fundamentalmente desde que o Presidente João Lourenço assumiu o poder, têm ensaiado também maior abertura. Não há comparação, esses órgãos de comunicação social que eram privados inicialmente, agora públicos vinham já tendo essa perspectiva, essa abertura. Essa pluralidade era maior nesses órgãos de comunicação social”, conclui

    Estado promete não interferir na linha editorial

    Na semana passada, Manuel Homem, ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, órgão que agora tutela o grupo, garantiu que o Estado não vai interferir na linha editorial destes órgãos.

    O secretário-geral do SJA espera que estes órgãos continuem a “manter esta postura plural” e insta os jornalistas que aí trabalham a serem os primeiros defensores da linha editorial.

    “Porque a postura destes órgãos contribui decisivamente para a cidadania. Esperamos que isso se concretize e que isso continue. Gostaríamos que os jornalistas destas casas fossem os primeiros defensores da liberdades de imprensa e da pluralidade destes órgãos”, sublinha Teixeira Cândido.

    O regresso dos marimbondos?

    Em Março de 2018, um grupo de cidadãos manifestou-se em Luanda contra a proposta de lei de repatriamento de capital. Na ocasião, os manifestantes exibiram cartazes com dizeres como “ladrão não pode ser patrão”. Volvidos dois anos, a DW África conversou com activista Nuno Álvaro Dala, um dos organizadores deste protesto.

    Dala prevê dois futuros cenários no caso Média Nova: a manutenção dos órgãos na tutela do Estado e a sua privatização. Para o activista, o segundo cenário é o mais provável.

    “E surge aqui o problema de quem acabará sendo o novo dono do grupo? E tudo indica que será um dos mesmos de sempre. Ou seja, os marimbondos que, como é evidente, não são só aqueles que (o Presidente) João Lourenço indicou, mas são todos os burgueses do MPLA porque, efectivamente nenhum deles, à data da independência, vinha de uma família burguesa”, argumenta.

    Há alguns empresários em Angola que conseguiram a sua fortuna de forma lícita. Mas Nuno Álvaro Dala não acredita que estes venham a ser os novos proprietários do grupo, até porque este grupo de empresários “é muito raro em Angola, para não dizer quase inexistente.”

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