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    Pesquisa no Brasil de obras angolanas

    Abordagem variada de autores

    “África Escritas Literárias” é título do livro que está a circular nas livrarias da capital, comportando parte substancial do conjunto de comunicações presentes no último Encontro de Professores de Literaturas Africanas – que já vai na sua terceira edição – organizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em parceria com a Fundação Biblioteca Nacional e a Universidade Federal Fluminense.
    Entre os textos seleccionados para a presente brochura, destacamos o do jornalista angolano e docente do ISCED em Luanda, Manuel Muanza, que aborda o “Mito e Tradição Oral Lunda-Cokwe na Ficção Narrativa Angolana – Uma Releitura do Romance Lueji de Pepetela” e “Criatividade Poética e Imagem”, de Francisco Soares, docente universitário em Benguela.
    Segundo os organizadores dos presentes anais, “levando em consideração o crescimento da área das literaturas africanas de língua portuguesa em diversas universidades brasileiras e a necessidade de publicação de um maior número de estudos acerca dessas letras, procedemos à selecção do material reunido, procurando estabelecer maior harmonia entre as partes e dar certa coerência aos textos no que se refere aos procedimentos analíticos encetados”, optando deste modo “por incluir os ensaios que efectuaram, especificamente, uma análise crítico-literária de obras dessas literaturas. Esse foi o principal critério que orientou a nossa escolha e nos levou ao título desta colectânea – África, Escritas Literárias: Angola Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe”.
    A presente recolha ensaística subdivide-se em quatro principais núcleos temáticos, nomeadamente, “Literatura, Mito, História e Poder”, “Tradição, Memória e Modernidade”,  “Literatura Africana de Autoria Feminina” e “Comparativismo e Ensino de Literatura”.
    Nestes quatro blocos dedicados às cinco literaturas africanas, destaque-se as abordagens que se ocupam das letras angolanas, designadamente, “A Propósito da narrativa contemporânea em Angola: Luandino Vieira e Ruy Duarte de Carvalho”, da professora universitária brasileira Rita Chaves, que é pesquisadora do Centro de Estudos Afro-Asiáticos Cândido Mendes, famoso crítico literário seu conterrâneo, “Ética e Poética em João Melo”, por uma docente da Universidade de São Paulo, “Predadores ou a Utopia Depois da Utopia”, por Vima Lia Martin, também docente da Universidade de São Paulo, “Situação Diglóssica e Narrativa Moderna em Angola”, apresentado pelo catedrático Martin Lienhard, docente da Universidade de Zurique (Suíça), “Literatura e Arquivos da Memória: Negociação e Dispersão de Sentidos”, da docente do programa de pós-graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
    No domínio dos estudos comparados, sublinhe-se as análises sobre o “Percurso pela Documentação Histórica e Literária dos PALOP”, do doutor Hélder Gomes, professor visitante da Ohio State University, “Entrelaces Poéticos”, da docente Elisalva Madruga Dantas, que discute o diálogo entre as literaturas em questão e a literatura dos modernistas brasileiros, “Duas Literaturas, Um Só Preconceito”, de Sérgio Paulo Adolfo, que analisa comparativamente “A Menina Vitória”, de Arnaldo Santos, e “A Cor de Ternura”, de Geni Guimarães.
    Rematamos com o texto que encerra esta rica recolha documental, tanto para o público universitário angolano como para os demais interessados, o texto marcadamente pedagógico da nossa amiga Tânia Macedo, onde rastreia o percurso dos estudos académicos que se ocupam das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa no Brasil, móbil  dos regulares encontros que servem de base à presente apresentação.

    Nota Interessante: grosso modo, vale sempre a iniciativa universitária e publicística dos estudos (literários) africanos fora de portas, mas fica-se com a sensação de um eventual novo paternalismo, já que se estudam sempre os mesmos autores, quando poderiam as abordagens ser extensivas a outros autores, com não menos talento e merecimento, sem prejuízo da especialização prosseguida por muitos dos pesquisadores nos seus optativos casos de estudos.

     

    Norberto Costa

    Fonte: Jornal de Angola

    Foto: JA

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