O PCP acusou ontem o primeiro-ministro de querer fazer o povo português “passar por parvo” e de ter anunciado “a intenção de roubar o mesmo e aos mesmos” no final da reunião da concertação social.
“Aquilo que o Governo veio fazer, a propósito da realização da reunião da concertação social, foi apresentar a intenção de roubar o mesmo e aos mesmos. Ou seja, aquilo que diz que não quer roubar com a mão esquerda, prepara-se para retirar aos trabalhadores e ao povo português, e com toda a força, com a mão direita”, disse Vasco Cardoso, da Comissão Política do PCP, numa conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa.
O dirigente comunista considerou que o Governo “mantém a intenção, de a propósito do cumprimento das metas do défice, roubar o valor equivalente a dois salários aos trabalhadores da administração pública e aos reformados e de um salários aos trabalhadores do setor privado, deixando mais uma vez, e de forma escandalosa, intocáveis os rendimentos do grande capital”.
Para Vasco Cardoso, Passos Coelho quis hoje passar “a ideia de que vai devolver um subsídio aos trabalhadores da administração pública”, considerando tratar-se de “um cinismo e de uma hipocrisia que o povo português não pode nem vai aceitar”.
“Por muito que tentem, o povo português não aceitará passar por parvo como pretendeu o primeiro-ministro fazer hoje”, sublinhou.
“O PCP, ao mesmo tempo que alerta para estas manobras do Governo, reafirma a necessidade de o povo português levantar ainda mais alto a sua voz” contra o memorando da ajuda externa, disse Vasco Cardoso, apelando à participação na manifestação convocada pela CGTP para o próximo sábado, em Lisboa.
“É preciso acabar com esta política e com este Governo, antes que esta política e este Governo acabem com o país”, acrescentou, sublinhando que o Governo recuou nas alterações que pretendia introduzir na Taxa Social Única “com uma contribuição indispensável da luta dos trabalhadores e do povo português”.
Repetindo várias vezes que o Governo pretende “relançar uma grande manobra”, que é “inadmissível”, Vasco Cardoso disse ainda que, a nível institucional, o PCP também pretende usar “todos os instrumentos” de “questionamento e de confronto deste Governo” e que impeçam “a concretização destas medidas”.
Questionado sobre se isso inclui o envio para o Tribunal Constitucional do próximo orçamento, respondeu: “Naturalmente, não rejeitaremos também essa possibilidade”.
O Governo está a preparar uma proposta de aumento de impostos, incluindo o IRS, para compensar a devolução parcial dos subsídios de Natal e de férias retirados ao setor público e pensionistas, anunciou hoje o primeiro-ministro.
FONTE: DN