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    Panos africanos substituem traje de luto

    O uso de panos africanos, como trajes de luto, por mulheres de vários níveis sociais na província do Bié, tornou-se um hábito. São muitas as mulheres de vários níveis sociais e académicos que usam os panos num óbito, em respeito pelo defunto e a sua família.
    As mulheres do Cuito, por exemplo, levam numa bolsa um pano para amarrar à cintura, assim que estiverem a dez metros de distância do local do óbito.
    Francisco Catalaio, historiador da cultura tradicional no Bié, disse que tudo começou com pequenos hábitos para manter a roupa limpa, enquanto se faziam trabalhos de cozinha. “À medida que o tempo foi passando, as mulheres habituaram-se ao uso de panos. Sempre que fossem a um óbito, levavam panos para amarrar da cintura aos pés no sentido de manter a roupa sempre limpa”. O historiador afirmou que a nova geração também adoptou o hábito das mulheres adultas.
    Actualmente, qualquer mulher que não se vista de forma tradicional, usando o pano para entrar numa residência onde há um óbito, sente-se marginalizada, porque as jovens usam de forma natural o traje tradicional.
    Francisco Catalaio explicou que o uso dos panos africanos começa a dez metros da residência onde há um óbito, até ao momento do enterro. Não se pode amarrar o pano dentro da residência, porque é considerado falta de ética.
    A prática tornou-se numa referência entre mulheres jovens e adultas. A nova geração conseguiu adoptar comportamentos positivos dos adultos, com o objectivo de melhorar a sociedade. “Aqui, na região centro, quando alguém vai partilhar a sua dor com quem tenha perdido um ente querido, normalmente é conveniente que participe na refeição como sinónimo de humildade e sinceridade”, disse. O historiador explicou que, caso um indivíduo não participe na refeição, é visto como alguém que tenha desconfiança.

    Pedido de noivado

    O pedido de noivado no Bié varia de região para região. Tendo em conta a diversidade cultural na província, as línguas Umbundo, Nganguela, Tchokué e Ngoia são faladas nos diversos municípios desta província. O Kuemba, Chitembo e Nharêa são os municípios do Bié que fazem fronteira com outras províncias do Leste, como Moxico, Kuando-Kubando, Kwanza-Sul e Malange.
    Quando um homem se relaciona de forma afectiva com uma mulher, deve dar o primeiro passo de apresentação aos familiares da noiva.
    Após a cerimónia de apresentação, os familiares do noivo devem informar a data do pedido sem que a outra família o faça. Cabe aos familiares do noivo seleccionarem os produtos a levarem no dia do pedido de noivado, desde que não faltem as bebidas tradicionais.
    Bebidas como o maruvo, o vinho e o whisky, além de velas e fósforos, panos, roupa para a noiva e respectivos pais, são coisas fundamentais que não devem ser esquecidas pelos familiares do noivo.
    A tradição local admite que quando a família da noiva faz uma extensa lista para o pedido, posteriormente o cônjuge pode impor a sua vontade no lar. O importante é o interesse e a consideração do noivo, desde que tenha manifestado vontade de ficar com a noiva.
    Reconhecendo a atitude actual de algumas famílias, o historiador Francisco Catalaio aclarou que muitas adoptam o comportamento de outras regiões que não é tradicional na província.

    Fonte: Jornal de Angola

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