Os ensaios para a apresentação do poema sinfónico “Siegfrid Idyll” (“O idílio de Siegfrid”) só começaram, no domingo, quando a orquestra chegou à Alemanha.
“Não ensaiaram em casa para não criarem resistências da população”, disse Nicolaus Richter, chefe de departamento de cultura da cidade Bayreuth:
“Ensaiaram no domingo e na segunda-feira todo o dia e na terça-feira estavam prontos”.
Obras de compositores banidos pelo III Reich, como Gustav Mahler e Felix Mendelssohn, também foram interpretados pela orquestra dirigida por Roberto Paternostro, cuja mãe é uma sobrevivente do nazismo.
“Há cerca de um ano e meio, Paternostro contactou com a mãe para lhe falar sobre a apresentação e ela achou que era uma grande ideia, uma forma de fazer as pazes com o passado”, referiu Nicolaus Richter.
O Estado de Israel, desde a sua criação, em 1948, convive com um “banimento informal” da música de Wagner usada na propaganda nazi antes e durante a II Guerra Mundial.
As músicas de Wagner não são passadas nas rádios por respeito aos 220 mil sobreviventes do Holocausto que vivem no país.
Elan Steinberg, chefe de uma sociedade defensora das vítimas do Holocausto nos Estados Unidos, condenou a actuação da orquestra, considerando-a “um infeliz abandono da solidariedade com os que sofreram os indescritíveis horrores dos que carregavam as bandeiras de Wagner”. Esta não é a primeira vez que uma orquestra israelita interpreta Wagner.
Em 2011 o famoso maestro Daniel Barenboim foi bastante criticado por muitos compatriotas por tocar, em Isarel, obras do compositor.
O Bayreuth é o principal festival de música clássica da Alemanha, fundado, em 1872, pelo próprio Wagner, a que assistem, regularmente, a Chefe de Governo, Angela Merkel, e outras personalidades do país.
Fonte: Jornal de Angola