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    O jornalismo «roubou-lhes» o futebol – José dos Santos

    O futebol que se praticou no Prenda nos idos de 80 reserva agradabilíssimas surpresas. Há nomes e referências que o jornalismo angolano pós-independência ganhou cujas ‘vísceras’ se acham enterradas neste místico bairro de Luanda.

    Sem desprimor para os demais que, mais tarde, vieram a enveredar pelo jornalismo e com cartas dadas, a verdade é que me vou apenas ater a uns poucos que a minha memória tem guardado.

    Sobre aquele terreno arenoso do que se convencionou chamar de campo ‘Maria Despenteada’ desfilou uma malta que, nos dias que correm, é sobejamente conhecida do grande público.

    Se o apresentarmos como Adão Fino contar-se-ão aos dedos das mãos aqueles que conseguirão identifica-lo. Sem ser dono de uma bola redonda, da igualha de um Tony Estraga, por exemplo, Adão Filipe emprestou um pouco da sua bola nos disputadíssimos campeonatos do Prenda.

    Hoje uma voz referenciada do jornalismo radiofónico, ao serviço da Rádio Nacional de Angola, destacava-se no meio campo da Zona A, que depois veio evoluir para FC Rabil. Desconheço por que o tratavam por Adão Fino, mas deduzo que seja muito por conta do seu aspecto algo franzino. Era um falso lento, mas tinha um futebol de que nada devia aos demais, mesmo sem ser um fora-de-série. E, como se viu mais tarde, estava para outros voos; outras frentes.

    O mesmo se pode dizer de Sténio Pitoco, o bom do Octávio Capapa. Este tinha bola! Não era só mais um: jogava boa bola, passeando alguma classe, com jogadas estonteantes, em defesa das cores do FC Rabil, a mesma formação onde Adão “Fino” Filipe exibia os seus finos dotes, apesar daquele ar molengão.

    Capapa, o Sténio Pitoco, é o senhor e a voz que se conhece. Abalou para «aventuras» hertzianas, universo onde se evidenciou e certamente deixará bem visíveis as suas impressões digitais e, claro está, cordas vocais.

    Pelo Rabil passou igualmente Ulisses de Jesus. Pernilongo, era um autêntico esteio do sector mais recuado do mesmo Rabil FC, onde Filipe e Capapa também actuaram.

    Ulisses era o que podia considerar, na altura, uma parede, verdadeira muralha, não fosse o central que organizava o último reduto da turma da ‘Rua dos Militares’ que, certa vez, chegou a mesmo «roubar» o craque Tony Estraga do seu Prenda Star, num contrato polémico, entretanto nunca revelado os seus contornos…

    Curiosamente, à semelhança dos seus colegas de equipa (Adão Filipe e Octávio Capapa), Ulisses de Jesus acabaria, igualmente, por franquear as portas da Rádio Nacional de Angola, emprestando os seus dedos à técnica, antes de abalar em formação superior em terras lusas.

    Continua a emprestar o seu saber e savoir-faire àquela estação mãe de rádio, já noutras frentes bem mais exigentes, mas com a mesma responsabilidade com que se destacava, quando chamado a assumir a braçadeira de capitão da formação do FC Rabil, após vários anos capitaneada e sponsorizada pelo Russo, um determinado ‘catanhô’ que fazia tudo e mais alguma coisa para equipar a equipa que criara para ombrear com os colossos da época.

    E havia ainda o Professor Zeca, para quem não conhece o José Kissanga, que se revelou um guarda-redes de… luvas cheias. Pópilas, era com cada mergulho! Professor famoso nos tempos áureos do Posto 15 – quando professor era um segundo pai -, Zeca revelou-se um ‘betão armado’ para os ataques contrários. É verdade que, vez ou outra, lá proporcionava uns “perús”, mas só falha quem trabalha.

    É hoje o aclamado ‘pai do golo’, um dos melhores relatadores de futebol do país, que nada tem a provar neste domínio, tal é o vozeirão que empresta a cada jogada e os pulmões que se inflam a cada golo. É de provocar arrepios…

    São filhos que o futebol do Prenda legou ao jornalismo…

    Jornalista José dos Santos | in Facebook

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