O primeiro-ministro sombra da UNITA, Raúl Danda, disse esta sexta-feira, 19, sobre João Lourenço, que, “com a tomada de posse e o ajeitar-se no cadeirão, o esquecimento começou a apoderar-se do Presidente” que em 2017 escolheu a institucionalização das autarquias locais em Angola e o combate à corrupção como bandeiras.
Segundo o antigo vice-presidente do principal partido da oposição, “o combate contra a corrupção começou a ficar disforme, de tal modo que hoje ninguém sabe bem onde ele passou a morar”.
“Não sei se influenciado pelo seu partido, de que viria a tornar-se chefe máximo”, atirou.
Em declarações ao Novo Jornal, Raúl Danda diz que “a institucionalização das autarquias locais começou a falar mandarim (língua chinesa) e já não estamos a perceber mais nada”.
“Em bom português, ouvimos a voz mais autorizada do País dizer que as primeiras eleições autárquicas teriam lugar neste ano de 2020. Chamou-se o Conselho da República, ouviu-se todo este mundo e metade do outro mundo também e as primeiríssimas eleições autárquicas pareciam ter ficado aprazadas mesmo para 2020”, lembrou.
“O recado que agora nos chega aos ouvidos é que quem ouviu 2020 ouviu mal, pois o nosso Presidente afinal queria dizer ao longo do mandato que, como faz questão de recordar e como se alguém disso se tivesse esquecido, vai até 2022”, juntou.
Para o deputado, “no mês de Julho vai para discussão, na generalidade, mais uma Lei sobre o Regime e Formulário dos Actos da Autarquia Local e em Agosto, essa Lei conhecerá a sua votação final global”.
“A Lei que determina a institucionalização das autarquias locais, que já ganhou “barba branca” nesta Assembleia Nacional, vai sendo empurrada, devagar para o próximo ano parlamentar. O Parlamento ainda vai ter de fazer parar tudo para discutir a revisão do Orçamento Geral do Estado, tendo em conta os cofres vazios e que se vão esvaziando mais ainda, dia após dia”, lamentou.
“E sobre a realização das primeiras eleições autárquicas, ainda haverá quem vá pedir autorização à Covid-19. Não nos surpreendamos se isso acontecer. E nesse jogo do empurra, o Presidente da República lava as mãos que nem Pôncio Pilatos e atira a bola para uma Assembleia Nacional que não estaria, no seu entender, a ser célere”, concluiu.