Depois de um dos seus juristas ter escrito no Twitter que o lançamento da funcionalidade era “um dia mau para a Internet” e que devia estar a causar discórdia até dentro do próprio Google, o Twitter publicou um comunicado oficial.
“Durante anos, as pessoas confiaram no Google para lhes dar os resultados mais relevantes de cada vez que faziam pesquisas na Internet. Muitas vezes, querem saber mais sobre os eventos mundiais e notícias de última hora. O Twitter tornou-se uma fonte de informação vital (…). Estamos preocupados que, como resultado das alterações do Google, encontrar informação vai ser muito mais difícil para todos. Achamos que é mau para as pessoas, publicações, organizações noticiosas e utilizadores do Twitter”, lê-se na nota.
Em tempos, o Google incluía as mais recentes mensagens publicadas no Twitter nos resultados das buscas, numa funcionalidade que se chamava “pesquisa em tempo real”. Mas, em meados do ano passado, a funcionalidade foi desactivada, depois de as duas empresas não terem renovado o acordo que tinham. Na resposta que dá às críticas de hoje do Twitter, o Google relembra este assunto.
“Estamos um pouco surpreendidos pelos comentários do Twitter sobre o Search plus Your World, dado que eles optaram por não renovar, no Verão passado, o acordo que tinham connosco”. O comunicado do Google nota também que o Twitter optou por incluir uma especificação nas suas páginas que faz com que os links criados dentro do Twitter não tenham influência na forma como o motor de busca indexa e hierarquiza os conteúdos.
Na mesma linha, um executivo do Yelp, um site americano que agrega críticas e recomendações de utilizadores sobre serviços e produtos, queixou-se (no Twitter) do impacto da nova funcionalidade. O argumento era o de que uma crítica de qualidade perde destaque nos resultados da pesquisa só por não ter sido publicada no site do Google.
O Search plus Your World pode ser desactivado (permanentemente ou em cada pesquisa) pelo utilizador e, por ora, está disponível apenas na versão em inglês do motor de busca. O conceito é o de ler a rede de contactos do utilizador e oferecer conteúdo relevante com base nessa leitura. O Google quer compreender “pessoas e relacionamentos”, afirmou ontem a empresa.
É também uma resposta aos muros digitais do rival Facebook. A maior parte do conteúdo partilhado nesta rede social está, propositadamente, fora do alcance do Google. As duas empresas têm tido problemas de relacionamento.
A este propósito, o popular blogger, jornalista e autor de um livro sobre o Google e a pesquisa online, John Batelle, escreveu hoje: “A resistência do Facebook e do Google em partilharem um patamar comum no que toca à intersecção da pesquisa e do social é corrosivo para o tecido que liga a nossa cultura partilhada”.
O site americano Marketing Land obteve umareacção do presidente e ex-CEO do Google, Eric Schmidt, que afirmou que a empresa não está a dar preferência à sua própria rede social. Segundo Schmidt, são o Twitter e o Facebook que optam por não aparecer nos resultados das pesquisas.
Fonte: Publico
Foto: Kimihiro Hoshino/AFP