
Os camiões que circulam na província do Cunene provenientes da República da Namíbia e vice-versa vão deixar de passar pelo centro da cidade de Ondjiva graças à construção da nova estrada periférica externa. Além disso, está também em curso a reabilitação da antiga estrada Ondjiva-Santa Clara, numa extensão de mais de 40 quilómetros.
Homens e máquinas trabalham dia e noite para que, dentro de 18 meses, todo o tráfego rodoviário entre Santa Clara, na fronteira com a Namíbia, e Ondjiva, na Estrada Nacional 105, possa ser feito pela nova circular.
Os trabalhos, adjudicados à empresa chinesa CRBC, consistem na construção geral da estrada, colocação de pavimento de betão betuminoso e melhoria do sistema de drenagem das águas pluviais, para além de outras intervenções necessárias.
De acordo com a empresa Soapro, que fiscaliza a obra em representação do Instituto de Estradas de Angola (INEA), esta nova estrada vai representar mais conforto e segurança rodoviária, com a consequente redução da sinistralidade, tanto em termos de quantidade como de gravidade, ao mesmo tempo que reforçará o serviço oferecido ao utente e às comunidades próximas.
Neste momento, o estaleiro da obra já regista diariamente um movimento intenso de camiões, responsáveis pela remoção de terras e terraplanagens. A Circular Externa de Ondjiva vai ter um impacto relevante em termos de planeamento urbanístico da cidade e trará benefícios à circulação, ajudando a descongestionar a Avenida 11 de Novembro que liga o centro da cidade ao aeroporto com o mesmo nome.
Automobilistas e peões
A reabilitação ainda não está completamente concluída, mas a grande movimentação de homens e máquinas dá esperanças aos utentes de dentro de 18 meses poderem viajar com conforto e tranquilidade. Nelson Machado é taxista e todos os dias circula na antiga estrada Ondjiva-Santa Clara, que também está em reabilitação, transportando passageiros e mercadorias.
Para ele, a obra é de extrema importância para o progresso da cidade. “A nova circular, depois de concluída, vai fazer com que todos os veículos pesados deixem de circular diariamente pelo centro da cidade, dando mais fluidez e segurança ao trânsito”, disse.
Silvestre António, outro taxista que faz a rota Matala-Kuvango, há quatro anos, mostrou-se regozijado pela reabilitação daquele troço, na medida que poderá circular com maior comodidade e tranquilidade.
“Com a reabilitação deste troço, já nos sentimos à vontade, ao contrário do que acontecia anteriormente em, que por causa do mau estado da estrada, tínhamos muitos problemas com as nossas viaturas”, explicou.
Silvestre António reconhecendo o empenho do Governo na reabilitação e construção de novas estradas que vão ligar todo o país.
“Para que haja crescimento e desenvolvimento num país é necessário estradas que vão permitir ligar as localidades, possibilitando assim a circulação de pessoas e bens”, disse.
Estrada antiga
Enquanto a obra não termina, Nelson e Silvestre vão continuar a circular na antiga estrada, que actualmente apresenta um pavimento com muitos buracos.
“A via está mais ou menos, apesar dos pesares, com buracos aqui e ali, mas dá para circular”, disse Nelson Machado, que chega a fazer diariamente cinco viagens entre as duas localidades.
“Normalmente faço uma hora entre Ondjiva e Santa Clara. Devido às condições da estrada não dá para correr muito, porque corremos o risco de rebentar o próprio carro”, acrescentou.
Nelson sublinha que, em tempos, a antiga estrada Ondjiva-Santa Clara já esteve melhor, mas devido ao fluxo de viaturas, principalmente camiões, ficou toda danificada.
“Em tempo de chuva é um caso sério porque se torna difícil circular. Mas conhecendo o terreno anda-se, mesmo que devagar”, disse.
Nelson transportava 12 pessoas no seu carro. Um dos passageiros é David de Carvalho, que ia a Santa Clara, em negócios, reconheceu que com a reabilitação da estrada será mais confortável viajar de carro, ao contrário do que acontece hoje, face os muitos buracos que se encontram na via.
“Daqui até Santa Clara, a estrada apresenta muitos buracos, mas como o Governo está a reabilitar, pensamos que dentro em breve poderemos fazer uma viagem tranquila”, contou David de Carvalho, enquanto olhava atento para os camiões que circulavam de um lado para o outro transportando materiais para a obra.
O caminho é longo, por isso alguns preferem dormir, enquanto outros acomapnhar o trabalho de reabilitação de estradas levada a cabo por angolanos e chineses.
Maria Manuela, outra passageira, é residente em Luanda, mas se deslocou ao Cunene para visitar familiares. Maria, acompanhada de duas amigas, contou que aproveitou a sua viagem ao Cunene, para ir até a fonteira da Santa Clara para comprar roupas, mobília e outros bens para revender em Luanda. “A estrada já esteve muito boa, mas por causa das chuvas e má conservação, apresenta hoje, muitos buracos”, disse, acrescentando que apesar disso, tem esperança que, com os trabalhos em curso, ela estará brevemente reabilitada.
A reabilitação do troço Ondjiva-Santa Clara é considerada de importante para a economia da região sul do país, pois, permite a circulação de mercadórias provenientes de países como África do Sul e Namíbia.
Joana dos Santos, moradora em Ondjiva, considera que a possibilidade da diminuição dos congestionamentos constitui um alívio para os automobilistas e peões no centro da cidade.
“Todos os dias assistíamos a acidentes provocados, na sua maioria, por camiões que perdiam o controlo e atingiam vários carros”, disse Joana ao Jornal de Angola enquanto conduzia a sua viatura.
“Sem os camiões a circular no centro da cidade, sentimo-nos mais seguros em podermos andar á vontade, sem receio de aparecer um camião desordenado por aí, pois eles vão circular na nova estrada periférica”, acrescentou Joana, para quem a construção da nova estrada circular é das mais importantes da cidade de Ondjiva.
“Esta obra aumenta o conforto dos utentes e o tráfego dos veículos que usam a 11 de Novembro, que é a principal avenida da cidade de Ondjiva”, referiu António Gonçalves, funcionário público.
A estudante do Instituto Médio de Administração e Gestão de Ondjiva, Carolina de Carvalho, considera que a construção da nova estrada e a reabilitação da antiga vai facilitar muito o escoamento da produção e a circulação dos camiões e das pessoas.
“Haverá menos trânsito, menos stress, menor consumo de combustível e menos poluição, pois os carros nos engarrafamentos gastam mais combustível e causam poluição”, disse Carolina.
Beneficiar outras províncias
O ministro do Urbanismo e Construção, Fernando Fonseca, considerou que a construção da nova estrada periférica de Ondjiva se destina a beneficiar também outras províncias do país e o grande eixo de circulação logística de abastecimento. “O projecto está no bom curso, houve algumas dificuldades com a questão da desminagem, uma vez que ainda temos partes da estrada a serem desminadas”, disse Fernando Fonseca, acrescentando que foi acautelado o realojamento das populações que residiam ao longo do traçado.
“O Ministério do Urbanismo e Construção está a procurar fazer o seu melhor, no sentido de tornar viáveis as estradas e os acessos para os automobilistas e peões, e a população em geral”, concluiu.
Domingos dos Santos| Ondjiva
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: Flávio Neto