O presidente do Níger, Issoufou Mahamadou, exprimiu em Luanda agrado pelo papel activo que Angola tem desempenhado na Guiné-Bissau e o seu posicionamento em relação a outros problemas de África.
“Durante a escala técnica, o presidente do Níger transmitiu os agradecimentos relativamente ao papel activo que Angola tem tido relativamente não só à questão da Guiné-Bissau, porque o Níger é membro da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEDEAO), mas exprimiu também agrado em relação ao posicionamento de Angola relativamente a outros problemas de África”, disse o ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, que recebeu o estadista nigerino no aeroporto internacional 4 de Fevereiro.
Em declarações à imprensa angolana no aeroporto, o presidente do Níger, que ontem fez uma escala técnica em Luanda com destino à África do Sul, considerou que as relações entre Angola e o seu país “são excelentes”, destacando ainda os laços que unem, há muitos anos, o MPLA e o PNDS (partido no poder no Níger), ambos membros da Internacional Socialista.
Sobre o centenário do ANC (Congresso Nacional Africano), cujos festejos o levaram à África do Sul, o estadista nigerino referiu que era “um evento importante e histórico”, porque o ANC foi o primeiro partido a ser criado em África.
Maior coordenação
Georges Chikoti, que acaba de efectuar uma visita ao Gana e Níger, na qualidade de enviado especial do Presidente José Eduardo dos Santos, disse que Angola neste momento é o único país que tem alguma actividade de vulto na Guiné-Bissau, nomeadamente a reabilitação das casernas militares e a formação da Polícia.
De acordo com o ministro, este esforço tem que ser assumido pela comunidade internacional, em coordenação com todos os intervenientes, acrescentando que a CEDEAO, que é um dos parceiros da CPLP neste processo, fez uma contribuição de 23 milhões de dólares norte-americanos para este processo.
“O Presidente José Eduardo dos Santos achou por bem que este esforço da Guiné-Bissau requer não só uma consulta permanente, mas também coordenação entre os diferentes parceiros que actuam para se acelerar o processo da reforma do sector de defesa e segurança da Guiné-Bissau, que é o elemento principal da instabilidade naquele país”, frisou.
De acordo com Georges Chikoti, a missão serviu para transmitir ao presidente Goodluck Jonathan, que preside à CEDEAO, as preocupações de Angola, mas também a necessidade de concertar os esforços para que todos os parceiros possam estar entrosados e trabalhem juntamente com as Nações Unidas para a implementação deste processo que “está atrasado”.
De acordo com o ministro, “a mensagem foi bem recebida e nos próximos tempos Angola e a Nigéria vão coordenar muito mais para assumir uma maior liderança neste processo, para que não haja muitos atrasos”.
“A Nigéria, acrescentou, é o país líder da CEDEAO e também está a presidir aquela organização. Se os dois países coordenarem melhor com base nesta concertação, que desta vez foi da iniciativa de Angola, poderemos nos próximos tempos dar passos significativos em coordenação com as Nações Unidas para iniciarmos a implementação deste programa e sobretudo a assinatura do roteiro que está a ser negociado entre a CPLP e a CEDEAO.”
“É muito urgente a implementação deste roteiro porque para que possamos então operacionalizar o programa da reforma que já foi aprovado pelas Nações Unidas e pelas autoridades guineenses”, acrescentou.
No âmbito bilateral, segundo o ministro das Relações Exteriores, Angola já concedeu uma ajuda orçamental à Guiné-Bissau de 12 milhões de dólares e também abriu a possibilidade de haver uma linha de crédito que vai envolver empresários angolanos e guineenses para dinamizar a economia daquele país.
“A contribuição de Angola é devidamente reconhecida pela comunidade internacional e pelo governo da Guiné-Bissau. Não fazemos nada fora desse quadro”, sublinhou o ministro.