A Líbia está envolvida em negociações directas e indirectas com os rebeldes que tentam derrubar o Presidente Muammar Kadhafi, disse ontem a filha do líder líbio.
Aisha Kadhafi, que falava em entrevista transmitida pela emissora de TV France 2, disse que o seu pai é contra a decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), que na semana passada emitiu um mandado de prisão contra si e não tem razão para deixar o país.
“Há negociações directas e indirectas, e devemos deixar de derramar o sangue líbio e para isso estamos preparados para nos aliar com o diabo, ou seja, com os rebeldes armados” , afirmou Aisha Kadhafi.
Os rebeldes disseram na semana passada que tiveram contactos com o Governo e advertiram que um mandado internacional de prisão contra o coronel Kadhafi e um dos seus filhos poderia inviabilizar os novos contactos.
Apesar dos bombardeamentos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), iniciados há quase três meses, Muammar Kadhafi diz que vai resistir e não tenciona deixar o país. “As pessoas falam em partida, partida… Eu acho isso estranho, porque este é o seu país, a sua terra e o seu povo. Para onde querem que ele vá?”, questionou Aisha Kadhafi.
Rússia critica França
A Rússia acusou a França de cometer uma “grosseira violação” do embargo armamentista imposto pela ONU, ao fornecer armas aos rebeldes, enquanto os Estados Unidos da América (EUA) consideraram a acção legal.
A França confirmou na quarta-feira ter usado aeronaves para lançar armas aos rebeldes nas montanhas líbias. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, disse que Moscovo consultou a França sobre a veracidade do envio de armas aos rebeldes.
“Se isso for confirmado, é uma violação muito grosseira da resolução 1970 do Conselho de Segurança da ONU”, afirmou, referindo-se à resolução de Fevereiro que impôs um amplo embargo armamentista à Líbia. O secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, deixou claro, quinta-feira, que o envio de armas aos rebeldes foi uma iniciativa unilateral da França. Questionado por jornalistas em Viena sobre um envolvimento da Aliança, ele respondeu: “Não”.
A França informou a OTAN e o Conselho de Segurança da Organição da Nações Unidas sobre a entrega de armas aos rebeldes na Líbia, afirmou na sexta-feira o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, durante uma visita a Moscovo.
“Nós situamo-nos exactamente dentro das resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, destacou o ministro francês.
in JA