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    Museu do Dundo reabre ao público este ano

    As obras de reabilitação e renovação do Museu do Dundo, na Lunda-Norte, decorrem a um ritmo acelerado, estando neste momento a ser organizada e estruturada a exposição permanente que tem um acervo de 1.000 peças, das quais 850 estão já seleccionadas, assegurou ao Jornal de Angola o director da instituição.
    Fonseca Sousa garantiu que “tudo está a ser feito” para que, ainda este ano, o Museu do Dundo reabra ao público, seis anos depois do seu encerramento para obras de reabilitação do edifício central e renovação da estrutura museológica.
    O Museu do Dundo, segundo o responsável, é o primeiro no país a beneficiar de um projecto de renovação e modernização, dotado com meios técnicos, materiais e humanos, para garantir a preservação, investigação, valorização e divulgação da produção científica, cultural e patrimonial da instituição.
    O também sociólogo e professor de história africana na Universidade Lueji Ankonda, disse esperar que o Museu do Dundo “venha a ser um museu moderno mas baseado nos critérios da tradição dos usos e costumes locais”.
    No quadro das medidas de renovação da estrutura museológica, Fonseca Sousa realçou igualmente a nova exposição permanente composta por várias áreas, que retratam os aspectos da pré-história e arqueologia, a organização política, caça, actividades económicas e máscaras profanas.
    Fazem ainda parte da exposição permanente, a área de actividades lúdicas, projecção de filmes etnográficos, abordagem sobre crenças religiosas, a exposição etnográfica dos povos da região nordeste de Angola, da indústria mineira, a história colonial e o roteiro que retrata as legendas e outros pormenores da exposição.

    Jangos no museu

    Fonseca Sousa disse que o museu está concebido num novo figurino, com casas típicas e tchotas (jangos) a serem construídas dentro do edifício, como parte da exposição permanente.
    Neste momento, afirmou, “já está seleccionado o acervo que vai ser colocado em vitrinas nas diferentes salas, de acordo com os conteúdos temáticos, salvo um ou outro elemento que pode vir do Museu de Antropologia”.
    Das 1.000 peças que vão constituir o acervo da nova exposição permanente ou de longa duração, disse Fonseca Sousa, 650 já estão fotografadas para constarem do catálogo da instituição. Explicou que o Museu do Dundo tem um acervo de reserva de dez mil peças, que precisam ser inventariadas, actualizadas e conservadas em depósitos específicos e protegidos contra a deterioração.
    Anunciou que já chegaram ao Dundo materiais de revestimento do tecto, que vão permitir alterar a iluminação, no quadro da mudança da cenografia das diferentes salas do museu.
    Garantiu ainda que “outros cinco contentores, com material técnico, adquirido pelo Ministério da Cultura, já estão em Luanda, devendo chegar à cidade do Dundo nos próximos dias, com os especialistas para ajudarem a montar a exposição permanente”.

    Formação técnica

    A par dos aspectos técnicos de renovação do museu, Fonseca Sousa está preocupado com a formação de recursos humanos. Explicou que há um projecto do Ministério da Cultura para a formação de quadros locais.
    É necessário formar arqueólogos, antropólogos, historiadores, musicólogos, musicógrafos, etnógrafos, para assegurar o funcionamento do museu, enquanto instituição com responsabilidade de investigação científica e cultural.
    Para suprir a falta de quadros superiores, para a concretização dos projectos actuais da instituição, Fonseca Sousa disse que tem estabelecido diálogo permanente com os museus de História Natural, em Luanda, e o de Antropologia, em Benguela, sobretudo para o levantamento de necessidades para recuperação do Museu de Arqueologia do Balala, na Lunda-Norte, e na redacção do catálogo para a exposição permanente.
    Fonseca Sousa é de opinião que o Museu do Dundo não precisa de ter um corpo permanente de investigadores: “precisamos de ter um corpo permanente de funcionários qualificados no museu e um grupo de colaboradores na área de investigação científica”.

    Correspondentes mundiais

    Recordou que, no passado, o Museu do Dundo tinha mais de 100 correspondentes no mundo, que trabalhavam na investigação de determinadas áreas específicas, em regime de colaboração, tendo assegurado que, “é esta a perspectiva que vai prevalecer, em termos de desenvolvimento do trabalho de investigação científica do museu”.
    Como projectos imediatos de investigação, avançou a necessidade do estudo dos rituais de mukanda e kafundeji, que estão a desaparecer no conjunto de usos e costumes da tradição Lunda Tchokwe, sobretudo nas zonas urbanas: “temos que fazer novas pesquisas para que possamos registar aquilo que corre o risco de desaparecer”, disse.
    No âmbito da preservação de filmes sobre o folclore e alguns retratos sobre usos e costumes da tradição dos povos da região, recolhidos nas décadas de 40 e 50, o director do Museu do Dundo assegurou que está trabalhar com o Instituto Nacional das Indústrias Culturais, para transferir o espólio de bobinas para suporte digital.

    Fonte: Jornal de Angola

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