A ucraniana de 33 anos tinha sido vítima de um ataque há três meses. Denunciava esquemas de corrupção, em especial das autoridades locais. Há suspeitas de que elementos da polícia tenham sido responsáveis pelo crime.
Kateryna Handziuk, uma ativista pela transparência e contra a corrupção morreu após um combate de três meses na sequência de ferimentos sofridos por um ataque com ácido. A assessora política do autarca de Kherson, no sul da Ucrânia, foi atacada no dia 31 de julho à porta de casa.
Um indivíduo despejou-lhe uma garrafa de ácido sulfúrico para cima. Em consequência, 30% do corpo sofreu queimaduras. Após dois dias nos cuidados intensivos naquela cidade de 300 mil habitantes acabou por ser transferida para a capital, Kiev. No total foi submetida a 11 operações cirúrgicas.
A polícia relatou a detenção de um suspeito que já tinha um longo historial criminoso. Mas acabou por ser libertado, em face de testemunhos que o inocentaram.
Voz crítica da atuação da polícia na sua região, no outono de 2017 acusou uma chefia da Polícia Regional de Kherson, Artem Antoshchuk, de suborno. O polícia levou Handziuk a tribunal e ganhou o caso, mas segundo o site Hromadske, a ativista só pôde refutar parcialmente suas alegações.
Para o procurador-geral da Ucrânia, Yuriy Lutsenko, o ataque a Kateryna Handziuk foi ordenado por forças de segurança. Segundo uma publicação no Facebook do magistrado, que postou uma fotocópia de um memorando do caso, o ataque foi realizado com a “assistência de organizações separatistas no sul da Ucrânia” com o objetivo de “desestabilizar a situação sócio-política” na região.
Em junho, Serhiy Nikitenko, o seu amigo jornalista e colega no site Most, fundado por ambos, foi agredido por desconhecidos.
No Most, Handziuk escrevia artigos e investigações sobre corrupção nos órgãos locais e sobre o separatismo.
“Incrivelmente corajosa”
O comissário europeu para a Política de Vizinhança e Negociações de Alargamento reagiu no Twitter. “Muito triste com a notícia da morte a incrivelmente corajosa Kateryna Handziuk. Ataques contra ativistas da sociedade civil são inaceitáveis”, escreveu o austríaco Johannes Hahn. (Diário de Notícias)