G1
Em visita a Pedro Juan Caballero, no Paraguai, cidade vizinha a Ponta Porã (MS) na tarde de segunda-feira (3), o ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro defendeu que é preciso enfraquecer as facções criminosas para combater o crime organizado, a começar pelo poder financeiro dos líderes: “Precisamos isolá-los em presídios de segurança máxima, identificar e confiscar o patrimônio dos chefes do crime”.
Moro ressaltou a parceria entre Brasil e Paraguai no combate ao crime na faixa de fronteira. Reunido com autoridades na sede da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, Moro afirmou que “talvez nunca a relação entre Brasil e Paraguai tenha sido tão boa, com governos empenhados no combate ao tráfico e crime organizado”.
Quando as condições de tempo melhoraram, Moro sobrevoou áreas de plantações de maconha na região. O ministro declarou que o combate ao tráfico deve ser do início ao fim do processo:
“A apreensão de drogas, sejam elas transportadas, armazenadas ou até, em um estágio mais primário, a erradicação dessas plantações de ‘marijuana’, de maconha, faz a diferença, porque além de retirarem as drogas à disposição do mercado, também enfraquecem as finanças desses grupos criminosos que têm sido um flagelo tanto para o Brasil quanto para o Paraguai.”
Operação Nova Aliança
Ao lado do ministro da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad), Arnaldo Giuzzio e do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, Moro anunciou que o Brasil cederá 2 helicópteros para auxiliar a polícia na identificação de plantações de maconha, através da operação Nova Aliança, conjunta entre Brasil e Paraguai, que combate o tráfico de drogas na fronteira.
“É uma operação que vem sendo realizada há um tempo, mas que nós estamos querendo intensificar. Recebemos o ministro [da Senad] há um tempo em Brasília, ocasião em que conversamos sobre a realização de uma nova fase”, declarou. Moro anunciou ainda que a Argentina passará a colaborar com a operação na próxima fase.
O ministro Giuzzio afirmou que a operação, só nos últimos 5 anos, teve 12 ações evitando que 45 milhões de plantas de maconha, aproximadamente 14 mil toneladas circulassem na região “ocasionando com isso um prejuízo ao narcotráfico de pelo menos U$433 milhões”.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez e a ministra da defesa da Argentina, Patricia Bullrich, além do ministro Giuzzio, não conseguiram comparecer ao evento por conta da baixa visibilidade na área de Ponta Porã, que impediu pousos.
A faixa de fronteira em MS é uma das principais portas de entrada de entorpecentes e armas de grosso calibre no país. De acordo com a Polícia Federal, em 5 anos foram destruídas 14 mil toneladas de maconha que deveriam chegar ao Brasil pela região.
Guerra pelo controle do tráfico
A fronteira do Brasil com o Paraguai, em Ponta Porã, região sul de Mato Grosso do Sul, sempre foi marcada por execuções, tiroteios, tráfico de drogas e armas. Os confrontos intensificaram-se com a disputa entre facções criminosas pelo controle do tráfico na região. Só em 2018, pelo menos 30 execuções estariam ligadas à guerra do tráfico.
A característica violenta da faixa de fronteira ganhou ares de guerra em 2016, após a morte do narcotraficante Jorge Rafaat, conhecido como “rei da fronteira”, executado com tiros de metralhadora. O G1 traçou um panorama da disputa pelo tráfico na região que inclui nomes como Jarvis Pavão e Minotauro, traficantes que estão presos no Brasil.