Uma equipa de pesquisadores liderada pelo jornalista e jurista Morais António defendeu ontem, no Sumbe, a utilização do ngoya como língua oficial para identificar os habitantes do Kwanza-Sul.
Morais António disse que a pesquisa efectuada pela equipa, durante cinco anos, sustenta a veracidade deste facto, tendo em conta as fontes contactadas, em várias localidades.
O pesquisador afirmou que o termo original é “anguoia” que significa “vai por aqui”, que aportuguesado ficou ngoya.
Morais António apoia-se em factos apurados junto de sobas, seculos e mais velhos das localidades com maior influência no uso desta língua, Quibala, Mussende, Ebo, Amboim, Cela e Libolo.
Com os resultados da pesquisa, disse, o termo surgiu durante as caminhadas de grupos que atravessaram o rio Kwanza à procura de melhores condições de vida.
O estudo refere que as caminhadas, com pés descalços, eram muito desgastantes e que os mais velhos começaram a sentir necessidades de protegerem os pés com alparcatas “lahaco”, que significa sapato, feitos à base de cascas de árvores e peles de animais.
Os “anguoia” pretenderam atravessar o rio Keue (Keve), na Pemba Li Ngala “crânio do Javali”, que hoje se chama Pambangala e deram conta da existência de outros povos que viviam nas dunas de salalé, a quem chanaram “angua malundo”, que significa habitantes dos montes. Recuaram e terminaram a viagem, estabelecendo-se numa pousada que denominaram de “lahaco changuoia”, que em português significa sapato dos viajantes.
Morais António afirmou que a montanha devia chamar-se morro de “anguoia”, mas, actualmente, denomina-se morro do Ngoya e o primeiro termo “lahaco”, foi escrito “Wako Kipala kia Samba”, passou a escrever-se Kibala, e hepo kingulungo, Ebo.
As variantes ou transformações dos nomes de muitas localidades do Kwanza-Sul e do país começaram com a chegada dos portugueses. A pesquisa sublinha que o termo “ngoya” se tornou, posteriormente, pejorativo com o surgimento do mercado negreiro instalado, na época na actual capital da província do Kwanza-Sul, a cidade do Sumbe.
Fonte: Jornal de Angola