Na assembleia de voto, montada na mais conhecida por “Escola do FAS”, ao bairro do Chioco, no Lubango, O PAÍS registou, em menos de 15 minutos, sete casos de cidadãos que não puderam votar porque os seus nomes não constavam dos cadernos eleitorais das assembleias criadas nos locais por eles escolhidos.
“Não sei onde fica esta assembleia de voto ”, desabafou Ângela Jamba, 54 anos, visivelmente cansada e amargurada. Eram 15 horas locais e dona Ângela Jamba tinha estado a palmilhar cidade adentro desde as 7 da manhã, hora do início do escrutínio.
O pequeno talão que trazia consigo na mão, dado pelos fiscais eleitorais, indicava que Ângela Jamba, portadora do cartão eleitoral número 42274, grupo 60493, tinha-se registado (e confirmado) na escola 340.
Mas, para seu infortúnio, o sistema indicava que devia votar na mesa de voto número 1 de uma assembleia localizada na comuna do Quilenda, povoação do Tchitunda.
O estranho é que o aludido espaço geográfico, algures no município do Lubango, não era conhecido até mesmo pelos funcionários da Comissão Executiva Eleitoral local.
“Mandaram-me ir para casa, descansar”, declarou dona Ângela, despedindo-se de seguida.
A maior parte das reclamações foram de eleitores confirmados no posto de registo junto do supermercado Millénio, na cidade do Lubango.
Um deles é Valentina Sokoloke, 44 anos, que, tendo-se registado no Bié , devia votar na Escola do FAS, próxima de sua casa .
O sistema electrónico, montado pelo FICRE, “transferiu-a” para o bairro do Nambambe, que fica no outro extremo da cidade. “A solução é ir para casa, porque não tenho dinheiro e hoje não há taxi”, declarou.
A sua homônima Valentina Augusto pareceu, entretanto, determinada a contornar a situação quando garantiu a O PAÍS que tinha que encontrar a assembleia indicada, ao município da Mapunda, de qualquer forma. “Eu tenho que votar hoje”, disse, determinada.
Embora não faltassem pessoas com atitude e coragem igual a de Verónica Augusto, O PAÍS testemunhou a desistência de muitos eleitores, por não terem como percorrer longas distâncias, em tão pouco tempo, até porque houve casos de eleitores cujos nomes calharam em outras províncias do país.
Um funcionário eleitoral, que falou na condição de não ser identificado, atribuiu a trapalhada vivida naquele dia à falta de informação persistente aos eleitores menos atentos e à publicação tardia dos cadernos eleitorais que não possibilitou a sua consulta prévia, para eventuais reclamações.
FONTE: O País