Luanda – O educador social do centro de acolhimento “Lar Kuzola”, Lucas Kachepa, afirmou nesta quarta-feira, em Luanda, que existem crianças que se sentem apreensivas com a própria família ou oprimidas ao lado destas, devido aos maus-tratos a que são submetidas.
Salientou, em declarações à Angop, que por este motivo muitos destes menores preferem ficar na rua ou na igreja. Acrescentou que quando questionado sobre determinados comportamentos, os petizes invocam fundamentalmente relações entre terceiros que envolvem padrastos e madrastas.
Lucas Kachepa, que falava sobre o papel dos lares de acolhimento de crianças abandonadas, adiantou que estas crianças acabam por ganhar o gosto pelo dinheiro devido aos pequenos trabalhos que fazem na rua, assim como apreendem a auto-sustentarem-se por causa da irresponsabilidade dos pais.
“Nesta senda, temos feito trabalhos preliminares que consistem em interroga-los no sentido de inteiram-se dos reais motivos que os levam a abandonar a família” – disse o educador.
Explicou que existem adultos que exploram crianças para fins próprios, usando-lhes para transportar mercadorias e outros meios, nos mercados, prédios e supermercados, a troco de um dinheiro ou comida ao invés de aconselhar e encorajá-los a ir à escola.
Frisou que têm muitas dificuldades para localizar os pais, pelo facto de muitos deles (petizes) dizerem que não conhecem as suas residências, por um lado, e, por outro, pela falta de meios de transporte para inseri-los no seio das devidas famílias.
Na ocasião informou que o Lar Kuzola tem parceira com o Departamento de Prevenção à Delinquência Juvenil (DPDJ), para ajudar a resolver casos sobre a fuga à paternidade e na localização das famílias, e com a Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) para casos de crimes.
Sublinhou que os pais ao agirem assim submetem os filhos a vários riscos, uma vez que se tem verificado nas ruas certos focos em que crianças se sentem resguardadas por alguns adultos para a compra e venda de drogas e outros produtos. Ainda são incentivadas a consumir álcool e drogas.
O educador social do Lar Kuzola referiu que estes focos existem principalmente nas barrocas do Miramar, Eixo-Viário, e na zona do 1º de Maio, em grande número, porque há sempre um adulto a instrumentaliza-los. Apelou às entidades de direito e pessoas singulares no sentido de apoiarem o referido centro com meios financeiros e outros para a reinserção social dos menores. (portalangop.co.ao)