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    Mario Draghi deixa sucessora atada de pés e mãos

    Expresso | JORGE NASCIMENTO RODRIGUES

    O actual presidente do Banco Central Europeu termina o mandato no final de Outubro deixando a sua sucessora amarrada a uma política de novos estímulos monetários que vai ser anunciada de Julho a Outubro

    A sucessora de Mario Draghi à frente do BCE vai ter um duplo problema pela frente a partir de 1 de Novembro: a dimensão política que o italiano ganhou nestes últimos oito anos como ‘salvador do euro’ e a rota para os próximos tempos que ele vai deixar aprovada depois das reuniões de Julho e Setembro.

    A sombra da estatura política do italiano à frente do banco central vai perseguir a sucessora, Christine Lagarde, ainda que esta tenha acompanhado de perto as decisões de Draghi desde 2012, em sintonia com ele.

    Nos vinte anos do euro, Draghi fica como o homem que salvou o euro duas vezes, em dois momentos críticos na segunda década de vida da moeda única. O primeiro no verão de 2012, quando proferiu as célebres palavras mágicas “farei tudo o que for preciso”, e o segundo em 2015 quando convenceu os banqueiros do BCE a avançar com um programa de compra de dívida pública para consolidar os resgates dos periféricos e debelar o risco de deflação.

    O italiano conseguiu-o com uma forte liderança apoiada pela esmagadora maioria dos governadores e presidentes dos bancos centrais nacionais do sistema do euro.

    QE pode regressar em Outubro

    Os estímulos monetários que as duas próximas reuniões de 25 de Julho e 12 de Setembro poderão anunciar vão deixar o próximo presidente de mãos e pés atados. Draghi, nas suas últimas intervenções como organizador do Fórum anual do BCE em Sintra em Junho, deixou uma estratégia clara.

    O italiano vincou que o banco está pronto a voltar a agir em força face à incerteza crescente, derivada de variáveis que o banco não controla (como as de ordem geopolítica e de política orçamental das principais economias do euro e de Bruxelas), e às perspectivas de longo prazo para a inflação da zona euro que indicam que não vai descolar em direcção à meta de 2%.

    Draghi está inclusive pessimista sobre o quadro geopolítico global. Ele considera que a mudança que estamos a viver na geopolítica vai para além das tensões comerciais; é todo um novo quadro em ruptura com o sistema internacional herdado do pós-guerra, sublinhou há duas semanas em Sintra. E teve de recorrer ao anúncio antecipado de que o BCE tomará medidas “nas próximas semanas”, mudando a linguagem de comunicação, para que os mercados financeiros registem o novo aviso: o BCE voltará a fazer tudo o que for preciso para proteger o euro dos choques que poderão vir no curto prazo.

    O mercado de futuros indica que há 30% de probabilidade para o BCE cortar a taxa negativa de remuneração dos depósitos dos bancos já na reunião de Julho, descendo-a para -0,5%, e uma quase certeza de que o fará a 12 de Setembro, a penúltima reunião presidida por Draghi. A consultora Capital Economics avançou este fim de semana a possibilidade do BCE decidir reabrir o programa de compra de dívida – vulgo QE, de quantitative easing – na última reunião presidida por Draghi em Outubro.

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