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    Margareth do Rosário musa da voz de ouro

    Distante do imediatismo, característico do sucesso comercial, Margareth do Rosário empreendeu, com o seu último CD, “Em nova dimensão” (2008), um percurso diferente das cantoras da sua geração, demonstrando ser possível a preocupação com o texto musical, reutilizando uma estratégia de retorno às referências do passado musical angolano, aprimorando a secção instrumental e os arranjos da estrutura das suas canções.
    Embora uma parcela significativa das cantoras da nova geração da Música Popular Angolana tenha dado um salto qualitativo na dinâmica artística das suas carreiras, referimo-nos à presença e impacto no mercado dos derradeiros trabalhos da Pérola, Yola Semedo, Afrikanita, Érica Nelumba, Yola Araújo, e Sandra Cordeiro, a verdade é que, comparado aos dois discos anteriores, o percurso da Margareth do Rosário sofreu uma notável transformação, a nível do conceito, do entendimento estético, e pela veneração e retorno à história da música angolana, aspectos revelados no alinhamento das canções do seu CD mais recente.
    Margareth do Rosário é uma cantora que, embora jovem, percebeu, pela reflexão do conjunto da sua obra anterior, que era possível melhorar, sem estar preocupada com a recepção massiva do mercado. No entanto, embora não esteja no segmento mais alto do consumo musical, a cantora vem convencendo paulatinamente o seu público, pelas novas e inéditas propostas musicais.
    Em relação ao seu novo ciclo de produção discográfica, a cantora diz ser um “processo de auto-reflexão que passa pela apreciação crítica do trabalho desenvolvido por Lura, Sara Tavares, Mayra Andrade, e pelo respeito do legado patrimonial deixado pelas cantoras Lourdes Van-Dúnem e Belita Palma.

    O percurso

    Quando criança, Margareth do Rosário queria ser cantora e imitava, pela interpretação, a postura em palco das cantoras: Dina Medina, Marisa do Rosário, Roberta Miranda, Whitney Houston, Suzana Lubrano, Patrícia Faria, “Afrikanita”, e Isadora Campos, tendo participado, aos 15 anos, em vários concursos musicais de imitação da Rádio Luanda.
    Embora tenha nascido e crescido na Sagrada Família, dividia sempre o seu tempo entre a casa dos pais e dos avós, tendo criado uma afeição especial pelo avô paterno, de quem recorda, com imensa nostalgia, um melódico assobio que a cantora relembra, porque diz ter gravado eternamente na sua prodigiosa memória.
    Filha de Moisés Francisco Joaquim e de Maria de Lourdes Armando Afonso Joaquim, Margareth do Rosário Afonso Joaquim da Silva nasceu em Luanda, no dia 14 de Maio de 1980, e iniciou o seu percurso artístico no concurso “Gala à sexta-feira”, um programa de sondagem de novos valores da Televisão Pública de Angola, tendo sido classificada em primeiro lugar, exactamente na primeira edição, em 1998, conquistando depois o segundo lugar, na segunda edição, e o quinto, na terceira.
    Na verdade, o programa “Gala à sexta-feira” acabou por constituir um motivo inspirador para prossecução da sua carreira musical, tendo integrado, em 1998, o grupo “Melomanias”, com Yola Araújo e Djamila D’Alves, formação que chegou a gravar um disco.
    Na senda da sua trajectória musical, Margareth do Rosário dividiu o palco com a Nazarina Semedo, Kelly Silva e Nanda, na altura integrantes do “Miami Voice”, grupo que se encontrava, igualmente, em início de carreira, e participou na primeira edição do Festival da Cidade de Luanda, em 1999, ao lado do Dódo Miranda e Nazarina Semedo. Figura de cartaz na Expo Xangai 2010, nas festividades do Dia de Angola, Margareth do Rosário, fez parte da quarta caravana artística programada pela Comissão Nacional da Expo, que integrou, entre outros, os artistas Bonga, Yuri da Cunha, as Gingas, Danny L, Nanuto, Bruno M e o grupo Kilandukilo.
    Com a intenção de melhor a sua prestação vocal, embora o seu nome já fosse referenciado na cena musical, frequentou, de 2000 a 2005, aulas de canto com o Mestre Mateus, da Igreja Metodista Unida.

    Discografia e influências

    Decidida a enveredar por uma carreira a solo, Margareh do Rosário grava, pela editora Max Music, de Abril a Julho de 2001, o CD “Love one”, um disco de amor, com produção de José Pedro Bengue e base instrumental de Jorge do Rosário, que alinha as canções: “Tudo para mim”, “Distraída”, “Amor sincero”, “Por amar-te tanto”, “Kianda ku muxima”, “Doce mistério”, “Mar azul”, assim como uma versão de “Amor sincero”, com participação especial de Dina Medina, Suzana Lubrano, Roger e Tony Tavares, nos coros, tendo como assistentes de produção o carismático baterista da banda Splash, Grace Évora, e os músicos Nhone Lima, “Dabs”, Manu Soares e Djuta Gomes.
    O segundo disco da cantora, “Amor Profundo Love 2”, surge no mercado em 2004, e tem a participação de Suzana Lubrano, Roger, Eunice Vieira, Johny Fonseca, Danilo Tavares “Mr D” e Toy Avelino, um disco em que destacamos as canções: “Traga minha vida”, “Penso em ti”, “Sonho”, “No areal do semba” e “Meu marido”.
    Em 2003, Margareth do Rosário foi convidada a participar na colectânea “Mulher”, um CD que reúne 13 vozes femininas, editado pela ENDIPU, (Empresa Nacional de Discos e Publicações), projecto discográfico que teve como objectivo “motivar e encorajar as mulheres que têm dado o seu contributo na preservação da cultura nacional”, e no qual participaram Yola Araújo, Isidora Campos, Paula Alexandre, Nazarina Semedo, entre outras cantoras. Margareth do Rosário teve participação especial no CD “Sentimental II”, de Beto Max..
    Embora não considere um objectivo último, Margareth do Rosário tem consciência que os prémios motivam e podem dar um novo impulso à carreira dos artistas, tendo sido distinguida com vários prémios e distinções. Em 2001 e 2002, consecutivamente, a cantora arrebatou o Top Rádio Luanda, na categoria de Melhor Voz do ano, Melhor Trabalho Discográfico (2008), e o Prémio Kianda, igualmente da Rádio Luanda, pelo reconhecimento do conjunto da sua obra (2011). Margareth do Rosário experimentou a televisão, e hoje é um dos rostos da Televisão Pública de Angola, onde apresenta o programa “Revista Musical”, dividindo o ecrã com Moisés Luís.

     

     

    Fonte: Jornal de Angola

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