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    Manuel Vicente sai do BCP ainda antes de Santos Ferreira

    O novo ministro de Estado para a coordenação económica de Angola, Manuel Vicente, renunciou já à vice-presidência do conselho geral e de supervisão (CGS) do BCP no mesmo dia em que foi exonerado da liderança da petrolífera angolana. O possível candidato a sucessor de José Eduardo dos Santos saiu do órgão de fiscalização do banco ainda antes de Carlos Santos Ferreira ser substituído por Nuno Amado na liderança executiva da instituição. Uma mudança de que Manuel Vicente foi o principal arquitecto.

    Segundo apurou o Jornal de Negócios, o novo braço-direito do presidente angolano já não estará presente na próxima reunião do CGS do BCP, que tem lugar na sexta-feira. Mas o facto de a saída de Manuel Vicente da Sonangol, maior accionista da instituição, ser conhecida no mesmo dia em que foi oficialmente anunciado que Nuno Amado será o próximo presidente executivo do banco não é coincidência. Luanda só comunicou a exoneração do ex-presidente da petrolífera depois deste ter fechado os aspectos principais do dossiê BCP.

    Manuel Vicente envolveu-se pessoalmente no processo de substituição de Santos Ferreira, cuja saída ocorrerá numa assembleia-geral a realizar até ao final de Fevereiro para, entre outros pontos, alterar o modelo de governo do banco, proposta feita pela Sonangol e apoiada pela Teixeira Duarte. Aliás, foi o próprio gestor angolano quem convidou Nuno Amado a liderar a próxima equipa de gestão executiva do BCP. A partir de agora, o processo de constituição da lista candidata à administração do grupo deverá passar a ser acompanhado por Carlos Silva, banqueiro da petrolífera e membro do CGS do banco.

    Apesar de deixar a liderança da Sonangol, Manuel Vicente vai continuar a ter a tutela da petrolífera e passará a liderar toda a política económica angolana, incluindo o investimento no BCP, de que a empresa angolana é o maior accionista, com 12,5% do capital.

    Um truque para dar experiência governativa

    A nomeação de Manuel Vicente para ministro de Estado e da Coordenação Económica, no âmbito da remodelação governativa promovida por José Eduardo dos Santos, é meio caminho andado para que suceda ao actual presidente de Angola.

    “É um truque para dar experiência política e governativa” a Manuel Vicente, sublinhou ao Negócios um especialista em assuntos angolanos sob anonimato. Como possível candidato à sucessão de Eduardo dos Santos, o ex-líder da Sonangol era alvo de críticas da ala dura do MPLA, precisamente por ter um currículo omisso na área governativa, lacuna que será agora preenchida.

    Manuel Vicente será mesmo um super-ministro e a pasta da Coordenação Económica faz com que fique com a tutela da Sonangol. Mais ainda. Será responsável pelo Fundo Petrolífero, ou seja um fundo soberano que Eduardo dos Santos promete colocar em funcionamento dentro de pouco tempo. O “Jornal de Angola” salienta que o novo ministro irá coadjuvar o presidente, como “número um” da Comissão Económica e da Comissão para o Sector Produtivo.

    Manuel Vicente será substituído na liderança da Sonangol por Francisco de Lemos José Maria, que já era administrador da petrolífera.

    CONSELHO DE SUPERVISÃO APROVA ESTA SEXTA-FEIRA CONTAS, CAPITALIZAÇÃO E NOVO MODELO DE GOVERNO

    O conselho geral e de supervisão (CGS) do BCP reúne na sexta-feira para aprovar as contas de 2011, o plano de capitalização e a alteração do modelo de governo que vai levar à saída de Carlos Santos Ferreira da presidência do banco.

    Desta reunião sairá a convocatória da assembleia-geral (AG) para aprovar as alterações estatutárias que levarão à extinção do CGS e à criação de um conselho de administração alargado de onde emanará uma comissão executiva. E como servirá ainda para aprovar o aumento de capital e o recurso a ajuda estatal, operações com que o banco espera cumprir as exigências de solidez da Autoridade Bancária Europeia (EBA) e do Banco de Portugal, a AG terá de ser realizada até ao final de Fevereiro, data limite imposta pela EBA para a definição final do plano de capitalização.

    Também na sexta-feira, a administração do BCP, ainda liderada por Santos Ferreira, apresenta os resultados do ano passado. Segundo os analistas, o banco terá tido perdas superiores a 500 milhões, devido ao impacto da transferência do fundo de pensões para o Estado, ao registo de 380 milhões de imparidades impostas pela troika e ao aumento do crédito malparado.

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