Manuel Vicente tomou hoje posse como vice-Presidente de Angola, traduzindo a continuidade da relação de confiança com o chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, depois de 13 anos à frente da petrolífera Sonangol.
Dos negócios para a política, em seis meses Manuel Vicente tornou-se no ‘número dois’ de José Eduardo dos Santos na lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) às eleições gerais em Angola. Segundo a Constituição angolana, os números um e dois da lista vencedora das eleições gerais tornam-se automaticamente Presidente e vice-Presidente da República.
A 31 de janeiro, depois de muita especulação, Manuel Vicente, até então presidente da empresa pública de petróleos Sonangol, foi confirmado pelo Presidente da República como ministro de Estado e da Coordenação Económica.
Já na altura visto como uma estrela em ascensão, Vicente, de 56 anos, tornou-se no principal coadjutor do Presidente na condução da política económica de Angola e tem vindo a aparecer cada vez mais como uma “figura proeminente” do MPLA.
A 13 de junho assumiu o segundo lugar na lista do partido às eleições gerais de 31 de agosto, ultrapassando dirigentes com peso e folha de serviços partidária, mas que não conseguiram contrapor as suas vontades aos desejos do Presidente.
Fiel a uma reputação de discrição, a sua primeira aparição pública como ministro só aconteceu três meses depois de entrar no Governo, a 10 de maio, quando apresentou o balanço das atividades do executivo de José Eduardo dos Santos no primeiro trimestre de 2012.
Os rumores que o situavam como o preferido de José Eduardo dos Santos na cadeia de sucessão começaram em março de 2011, quando Vicente, citado pelo semanário angolano Novo Jornal, disse que até ao final desse ano deixaria a presidência do conselho de administração da Sonangol.
Engenheiro de formação e presidente da Sonangol entre 1999 e 2012, Vicente tem um perfil atípico, já que não fez carreira no exército nem no MPLA.
Manuel Vicente construiu o seu passado sempre nos petróleos, subindo a pulso no interior da Sonangol, tornando esta empresa de simples concessionária e distribuidora numa importante investidora, com ativos financeiros na Europa, Ásia e América, além de ter criado subsidiárias em alguns países africanos, sobretudo de língua portuguesa.
Da passagem de Vicente pela Sonangol há também a reter o facto de ter transformado uma empresa petrolífera num conglomerado onde coexistem participações nos capitais sociais dos mais variados setores: dos combustíveis aos serviços, passando pela banca, seguros e transportes.
Manuel Vicente formou-se em Engenharia na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e antes de ser nomeado diretor-geral adjunto da Sonangol, em 1991, desempenhou, entre 1981 e 1987, as funções de chefe da unidade de energia da Sociedade Nacional de Estudos e Financiamento de Empreendimentos Ultramarinos.
FONTE: Lusa