Mais de mil egípcios participaram no quinto dia consecutivo de protestos no centro do Cairo, depois de rejeitarem a proposta do governo por uma reforma ministerial e a declaração militar que reiterou a promessa de transferir o poder aos civis.
O primeiro-ministro Essam Sharaf prometeu na segunda-feira reformular o seu governo dentro de uma semana e os militares repetiram a promessa de transferir o poder aos civis depois de eleições, mas os manifestantes exigem reformas mais aceleradas em protestos nas cidades do Cairo, Suez e Alexandria.
“O conselho militar está a seguir as mesmas políticas do regime deposto”, disseram alguns manifestantes, referindo-se à junta militar que assumiu o poder em Fevereiro, depois da queda do presidente Hosni Mubarak.
Os actuais protestos começaram sexta-feira na praça Tahrir, epicentro da rebelião do começo do ano e ocorrem também nas cidades de Alexandria e Suez.
A manifestação da sexta-feira passada reuniu dezenas de milhares de pessoas e os manifestantes nos protestos de ontem apelaram aos egípcios a juntarem-se a eles.
Os manifestantes exigem o adiamento dos julgamentos militares dos civis, incluindo os acusados de aterrorizar a população e julgamentos públicos para todos os dignitários do governo destituído, sobretudo para os antigos polícias acusados de cometerem atrocidades durante a “revolução” de 25 de Janeiro.
Os manifestantes também exigem a demissão de todas as pessoas ligadas ao partido do presidente destituído, reformas económicas e a extinção do Conselho Supremo das Forças Armadas.
A cedência, por parte do exército, de mais poderes ao governo interino também é uma exigência dos manifestantes.
A turbulência política já afectou a Bolsa local. Numa nota lida pela televisão, a junta militar manifestou o seu “continuado apoio ao primeiro-ministro, assumindo todos os poderes dados pela Constituição e as leis”.
O exército também garantiu que continua disposto ao diálogo com activistas e grupos políticos.
Rumores dão conta da demissão iminente, pelo primeiro-ministro, Essam Sharaf, do seu adjunto Yehia Al-Gamal e dos ministros do Interior e da Justiça, numa remodelação que pode abranger metade do governo.
Fonte: Jornal de Angola